segunda-feira, 5 de abril de 2010

De novo o olhar


É minha última postagem antes da estreia. Venham ver. Ficou bom. É sexta-feira agora, no Arthur Azevedo. Dúvidas? Nenhuma (risos). Só fico me perguntando se as coisas vão bem mesmo ou se estou “torcendo” para que estejam bem. Se o olhar não está contaminado pelo entusiasmo ou pela necessidade de acreditar. Friamente consigo identificar pequenos ruídos que estamos corrigindo nesses últimos dias, mas nada que comprometa efetivamente o todo. O olhar virginal, aquele do espectador real, não é tão severo e, nesse caso, o espetáculo como um todo me parece contundente. Por isso me pergunto: posso estar tão seduzido a ponto de não ver? Tento me responder distanciando ainda mais o olhar e chego a ser cruel, o que também é perigoso. Um olhar pode se enganar tanto? Creio que não. Nesta reta final continuarei atento à procura da verdade, torcendo para que meu olhar continue sóbrio, já que, para estar bem como diretor, preciso gostar do que vejo sem o entusiasmo do espectador, este seria nocivo para a encenação. Se bem que entusiasmo não é lá uma palavra muito comum na nossa companhia. Somos mais pela acidez, pela crueldade, pela aspereza, pela ironia... Elogios são a conta-gotas. Não digo que isso seja bom. Também não digo que seja ruim. Apenas nos ajuda a manter um olhar crítico e distanciado de tudo o que fazemos: se algo passa incólume pelo crivo dos quatro membros desta companhia, o perigo de errar se reduz a quase zero (risos). Confesso que sinto uma certa inveja desses coletivos de artistas que se festejam entre si, onde a rasgação de seda é uma constante, mas, como diria Zaqueu na espetáculo Entre laços, cada um com cada uma.

P. S.: Acrescento os parênteses com a palavra risos apenas para que saibam que era para ser engraçado (risos).

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