segunda-feira, 30 de julho de 2012

Você sabia que...


... a Pequena Companhia de Teatro foi contemplada no Programa BNB de Cultura 2012? O projeto “A ótica da Pequena: 3 oficinas de formação” foi um dos três projetos maranhenses selecionados na categoria Artes Cênicas e reúne suas 03 principais atividades formativas. As oficinas “O Quadro de Antagônicos como instrumento de treinamento para o ator”, “Do épico ao dramático: a transposição de gêneros como instrumento de confecção de dramaturgia” e “O que o meu corpo tem a dizer” serão ministradas em 2013 com o patrocínio do Banco do Nordeste. Além desse, o projeto “Xilogravura e o lambe-lambe no Turu”, de Cláudio Marconcine, também foi selecionado. Ao todo, apenas 13 projetos maranhenses foram contemplados.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Vamos fazer um filho

A leitura sempre me surpreenderá - qualquer que seja ela e possíveis signos utilizados. Ler é dar-se o direito de interpretar e dar sentido ao mundo. Tinha ressalvas com relação aos textos dramáticos e épicos para uma leitura. Enfadonha. Encontrei um motivo excelente para minha acertiva, nas palavras provenientes da boca de outrem. Rafael Martins, do Grupo Bagaceira de Teatro (CE): “Bem mais que representar, o ator contemporâneo precisa se sentir representado”. Bingo. Esta semana foi surpreendentemente produtiva. Sem televisão e sem internet, li dois livros e uma revista: Lesados e outras peças, de Rafael Martins (Edição do autor); Entre o chão e o tablado, de Lauande Aires (Edição do autor); e Subtexto, revista de teatro do Galpão Cine Horto (dez/2010/n. 07/MG). Percebo que cada vez mais me aproximo das dramaturgias (todas elas) produzidas na contemporaneidade pelo simples fato de dizerem algo que eu gostaria de ouvir, mesmo que seja o vazio, o desencontro, o estranhamento (falo tudo isso em função mais da forma do que do conteúdo), e que o teatro de grupo é, abissalmente, um lugar de pesquisa e de trabalho. Quem não tem nada a acrescentar, não acrescenta na mesma proporção de não contribui para a cena. É títere, somente. Se me atiram pedras, escreverei livros.

sábado, 21 de julho de 2012

São Luís não é Paris

Trôpego, torto e tonto.
Queria ter o entusiasmo de um Quaderna. Esforço-me. Busco no íntimo o alento para continuar insistindo, porém, às vezes, Sucupira me vence. Por que insistir, em um estado muito mais ignorante e miserável do que o de vinte anos atrás, quando iniciei minhas primeiras batalhas? Por que resistir, se a resistência exige um exercício aeróbico e a desistência tem o doce sabor da inércia? Sou um artista comprometido. Sempre fui. Por esse predicado acusam-me de ter nascido velho. Olho para o passado e vejo que velho fui. Sou. Se a luta fosse o elixir da vida eu rejuvenesceria a cada derrota e deixaria de ser um cavaleiro quixotesco, robustecendo minhas forças a cada tropeço, erguendo-me púbere para seguir em frente construindo realidades. Isso não acontece. Os moinhos continuam tão poderosos e intransponíveis quanto nunca, e o empenho não garante a última vitória. Trôpego, entre cascalhos, cascudos e cambas, arando vou. Obtuso, de novo? Faço teatro no Maranhão.

Prefiro mil palavras


Abuso. Bestialidade. Covardia. Demagogia. Escuridão. Fanatismo. Ganância. Humilhação. Ingratidão. Jogo. Litígio. Morte. Nada. Ostracismo. Perseguição. Poder. Queixa. Roubo. Safadeza. Tirania. Ultraje. Vergonha. Xenofobia. Zero.

X
Amizade. Bonança. Coragem. Dedicação. Esperança. Força. Grandeza. Honestidade. Imaginação. Justiça. Liberdade. Misericórdia. Nascimento. Orgasmo. Paixão. Querer. Razão. Simpatia. Trabalho. União. Vitória. Xodó. Zelo.

P.S.: Para saber mais, leia o texto Clausura, do livro Cinco Tempos em Cinco Textos, disponível para venda na vitrine deste blog.

domingo, 15 de julho de 2012

Aniversário Feliz!



A pequena companhia de teatro é acanhada na quantidade de membros: Katia-Katia, Chu, Cróvis e eu. Contudo, é viabilizada, em pensamento, prática, sonhos e cumplicidade, por nomes extraordinários. Colaboradores conscientes, cooperadores forçados, críticos atentos, financiadores discretos, amigos eternos, consultores de luxo, contribuintes inconscientes, comensais aplicados, ajudantes espontâneos, defensores ilustres, espectadores generosos. Meus nomes, para citar apenas alguns mais próximos ou com intervenções bem concretas, são: André, Morgana, Gilberto, Tony, César, Hamilton, Magal, Luciana, Norberto, Sandro, Lauande, Maria, Damásio, Isoneth, Sílvia, Deusamar, Fernando, Abimaelson, Didi, Lio, Jeyzon, Zilma, Erivelto, Remédios, Flávia, Ayrton, Josué, Noira, Pedro, Igor, Burbú, Manuel, Fábio... se continuasse, a lista se prolongaria por toda a postagem e ainda faltariam os escolhidos por meus pares. O diálogo com companhias como A Máscara, Santa Ignorância, Clowns, Cordão, A Outra, Tarará, Madalenas, etc. fortalece nosso discurso e reforça nossa prática. Sem falar na viabilização promovida por uma sopa de letrinhas: MINC, SESC, BNB, TAA, TUTTI-FRUTTI... Nomes, empresas, parceiros, pessoas, um emaranhado, uma rede tecida desordenadamente, uma lógica caótica de construção. Pessoas que, de alguma maneira, contribuem, mesmo sem saber, para que nossa arte se desenvolva. Para todos, citados ou não, meus agradecimentos. Por quê? Dia 11 de julho foi o aniversário desta pequena, sortuda e agradecida companhia de teatro .

P.S.: Se você é colaborador e se sente injustiçado, acrescente seu nome nos comentários como forma de repúdio!

sexta-feira, 13 de julho de 2012

A mão na massa

Montagem de Pai & Filho no Teatro Municipal Dr Altelino Afonso Costa em Paranavaí-PR / Junho/2012.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Público e privado

Acredito que o Estado tenha suas obrigações com a sociedade, com o trato e financiamento de questões que para mim são públicas, como a educação, as artes, a saúde, o transporte, a habitação. Na prática, meu trabalho é subsidiado pelo Estado e isso gera manifestações artísticas que são democratizadas através de apresentações gratuitas à comunidade. Contrário a isso está a iniciativa privada. Ainda tenho muitas ressalvas. Minha única experiência se resume ao Sesc, na perspectiva do Palco Giratório. Tenho outras experiências com recursos próprios, o que facilita a produção. Não há reservas quanto a isso. Existirá sempre um dilema nessa participação: até que ponto queremos ser orientados pelo Estado, por nossos próprios bolsos, ideias e vontades ou pela visão do capital? Nessas condições está o artista, sua criatividade e seu estômago. Qual é o ponto? Qual é a medida? Em crise, penso nas possibilidades da produção para por fim a projetos que começam a criar corpo em mim. Meu medo é que eles apodreçam em consonância com minha ideologia.

domingo, 8 de julho de 2012

Pai & Filho – Festivais e Mostras


Espetáculo dá nome a prato em festival

Hoje não vou cansar vocês com reflexões. Mando uma listinha com os vinte e três festivais e mostras de teatro que o espetáculo Pai & Filho já participou até aqui:

  • FestLuso 2011 – Festival de Teatro Lusófono, Teresina/PI
  • 7° Festival Palco Giratório Porto Alegre/RS
  • XVII FENTEPP – Festival Nacional de Teatro de Presidente Prudente/SP
  • II Mostra de Artes Aldeia Olhos D’água, Feira de Santana/BA
  • 53° FESTA – Festival Santista de Teatro/SP
  • Aldeia Caiuá – Mostra de Artes, Paranavaí/PR
  • XVII Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga/CE
  • 6° Festival Palco Giratório Recife/PE
  • Festival Palco Giratório Minas/MG
  • VI Festival Banco do Nordeste das Artes Cênicas, Fortaleza/CE
  • Festival Palco Giratório Fortaleza/CE
  • 18° Festival de Teatro do Rio/RJ
  • IV Festival Palco Giratório Jacarepaguá/RJ
  • 2° Festival Palco Giratório Curitiba/PR
  • VII Aldeia de Artes Povos da Floresta, Amapá/AP
  • Festival Agosto de Teatro, Natal/RN
  • Aldeia Palco Giratório Blumenau/SC
  • VI Semana do Teatro no Maranhão, São Luís/MA
  • 5ª Aldeia Palco Giratório Itajaí/SC
  • Festival Palco Giratório Cuiabá/MT
  • Aldeia Palco Giratório Tubarão/SC
  • Festival Palco Giratório São Paulo/SP
  • 5ª Mostra SESC Guajajara de Artes, São Luís/MA
 Se você ainda não viu Pai & Filho no festival da sua cidade mande o convite ou reclame para os organizadores!

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Somos únicos

Generalizar é mais prático. Dizer "a maioria" ou ainda "é exceção" dialoga muito com a facilidade em se encontrar arroz em feira. Seria senso comum? Dissenso formula mais, é mais conflituoso. Gosto dessa segmentação do pensamento: pensar distinto é formular com o outro além do senso comum, além do que se vê. Nada prático, mas não consigo perceber o público como uma massa homogênea, nem a obra de arte pensada para atingir (sic) esta ou aquela plateia/ nicho/segmento. Nosso pensamento, que se traveste de arte espetacular, é individualizado - mesmo coletiva. O sentido do coletivo é como se contribui, a partir do ser individual, a uma causa comum - no caso o teatro. Quando comentamos sobre a polifonia das dramaturgias dizemos que os indivíduos, em suas escritas, estão contribuindo com o todo. A plateia, mesmo não estando no processo - ainda não conseguimos fazer os ensaios abertos, mas há o propósito - faz parte da cena, pois reescreve, a partir do que é mostrado, seu próprio sentido. Alguém pode dormir, outro pode odiar, outro se emocionar, um outro jogar um tomate quase pobre ou meia maçã, não importa. A construção do pensamento é sempre ideológica.

domingo, 1 de julho de 2012

Viver de teatro, morrer de fome.

foto de André Lucap

Semana passada recebemos a querida visita dos Clowns de Shakespeare, que nos brindaram com o seu Ricardo III. Inevitavelmente, a passagem de um grupo como esse, desperta questionamentos que dificilmente se responderão em uma postagem. Quando olhamos para os Clowns, a relação de exceção à regra é inevitável. Depois de finalizada a segunda etapa do Palco Giratório, impressionou-me o pequeno número de companhias que garantem seu sustento através do teatro. Pensava ser uma realidade exclusivamente maranhense, contudo, foi difícil identificar grupos em que seus membros não dependessem de outras profissões para se sustentar. No mapeamento realizado pelo próprio Yamamoto no nordeste, em 2009, creio que apenas três companhias diziam se sustentar exclusivamente de teatro. É um sintoma nacional e só encontrará solução através de políticas públicas. Em longo prazo, o plano nacional de cultura é o caminho. Entretanto, a solução está em olhar o país como um todo e o cidadão como único. O teatro depende do cidadão. Este, sem educação e cultura, jamais poderá discernir entre Medeia & mídia, antissemita & cimento, anódina & adedonha, somático & sorumbático. É o cidadão que deve ser alimentado e não as estatísticas. Educação e cultura. Se o espectador não reconhecer no teatro a corporificação da sua própria história de nada servirão companhias vivendo de teatro para plateias vazias...

Você deve estar se perguntando por que reclamo tanto, se a Pequena vive ou sobrevive de teatro e Pai & Filho já passou dos seis mil espectadores – para um espetáculo que comporta em média cinquenta pessoas, não é pouca coisa. Não sei. Apenas mantenho o meu direito de questionar, me indignar e buscar caminhos para que o teatro conserve o seu poder transformador... Pensando bem, alguém pode me explicar por que reclamo tanto? Acho que minha ranhetice me diverte.