sábado, 31 de julho de 2010

Pa & Filho em Guaramiranga

O espetáculo Pai & Filho foi selecionado para a XVII edição do Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga – FNT. A peça foi selecionada entre outras 77 produções dos 09 Estados Nordestinos para a Mostra Nordeste que fundamenta o Festival, reunindo e debatendo a produção teatral nordestina. O Festival acontece de 04 a 11 de setembro de 2010 e a data de apresentação da pequena companhia de teatro será definida nos próximos dias.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

É bom ter amigos


Eles acompanham nossa jornada desde sempre, quer na escola, na vizinhança do bairro, em nossa profissão. Estão sempre presentes. No teatro, quando nos assistem, dão suporte para compreendermos melhor o nosso fazer, apontam as incorreções na performatividade. São sempre generosos e gostam de nós. Quando a distância existe, i. e., as apresentações são em outros locais, distantes deles, fico meio que desprotegido. Assim, coloco sempre uma armadura - espécie de couraça ou segunda pele - para tentar me preservar. Com isso, sentem-me arrogante e falastrão, principalmente nos debates. Apresentar para estranhos traz um distanciamento que não gosto muito. É que teimo em querer carregar comigo todas as pessoas que conheço. Assim, como farão parte da minha vida aqueles que me observam em cena, mas não tenho intimidade com eles? Talvez seja por isso que estou sendo favorável aos debates como rotina das apresentações da Pequena Companhia de Teatro. Lembro-me de desconhecidos que me forçaram à exposição escrachada das vísceras. Sinto falta dos meus. A dor profunda não se instala. Alguém tem que morrer.

domingo, 25 de julho de 2010

Nova jornada

Ítalo Itálico, conselheiro da Escola de Teatro Aquático de Titicaca, me pergunta, em um dos seus e-mails, se o elenco de Pai & Filho está sobrevivendo bem à distância. Eu perguntaria se uma personagem consegue sobreviver à distância. Nossa pequena companhia tem uma particularidade que vocês já conhecem: um dos atores mora em Imperatriz. A questão é: O espetáculo Pai & Filho sofre como isso? Depois de concluída a temporada de estreia, com apresentações em São Luís, Imperatriz, Balsas e Riachão, posso dizer que não muito. Para minha surpresa, a contundência das personagens vem sobrevivendo aos lapsos gerados pela interrupção temporal e o comprometimento da cena tem sido o menor possível. Claro que não é o ideal, mas o prejuízo é menor. A manutenção, mesmo intermitente, acontece nos encontros para as apresentações do espetáculo. O que a distância nos priva é de avançar. Explico: depois de doze apresentações começamos a perceber alguns detalhes que poderiam ser melhorados, uma cena que merecia um destino diferente, uma fração do texto que poderia ser somada, enfim, amadurecimento natural de quem tem por ofício estar em temporada. Nesse caso, quando a alteração é estrutural, necessitaríamos do tempo em sala de ensaio, da continuidade do treinamento, da experimentação, e isso sim, só é possível com a continuidade presencial. Como o projeto de circulação premiado com o Myrian Muniz oferece a oficina sobre o Quadro de Antagônicos, teremos a oportunidade, na prática, de retornar à sala de ensaio, durante uns quarenta e cinco dias, discutindo, treinando, ensaiando, revisando e “avançando” na qualidade que o espetáculo Pai & Filho ainda tem para oferecer. Depois disso, é só esperar a novelesca transferência de Cláudio para a matriz.

(Imagens de André Lucap para assédio da imprensa)
P.S.: Continua a promoção: “Seja seguidor e ganhe um beijo do diretor”... e que Katia não me leia...

Nota rápida

O espetáculo Pai & Filho foi selecionado para o XVII FENTEPP | Festival Nacional de Teatro de Presidente Prudente, que acontece de 20 a 28 de agosto de 2010. O festival não é competitivo e reúne parte da melhor produção teatral contemporânea. É hoje um dos mais importantes festivais do país e seu crescimento foi alicerçado no conceito de ser um festival que promove um panorama do teatro nacional, buscando na qualidade e na diversidade um diferencial que o tem mantido sólido, possibilitando a cada edição permitir refletir e discutir a produção nacional sem perder de vista a própria origem. A apresentação da pequena companhia de teatro está prevista para o dia 21 de agosto e o diretor Marcelo Flecha permanecerá na cidade durante todo o festival.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Como o teatro se estabelece na vida de quem faz?

Os debates sempre serão uma caixa de surpresas. Eu tenho um certo receio de estar na berlinda assim, com as luzes acesas. Talvez uma pergunta que eu não tenha convicção acerca da resposta, ou alguma questão que eu discorde de Marcelo F. ou de Jorge C. por completo.

Em Riachão reapareceu uma pergunta que ouvi no debate em que eu estava presente numa escola pública municipal de Imperatriz, acrescida de um apêndice: O que o teatro mudou na minha vida, e nas relações que eu tenho com as pessoas?

Desde quando o teatro passou a ser minha vida não me lembro. Sei que sinto saudades do palco e da maneira como eu conduzo a vida das personagens. Poder para poder fazer. Algo sempre a dizer. Viver ilimitadamente na frente de um outro. As escolhas nos conduzem a um abismo que nos abraça, sempre. Resta-nos fechar os olhos e perceber o vento.

Ano que vem, outros estados, outras pessoas, outros olhares. A felicidade nunca é abundante o suficiente para a satisfação.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Notícias

Uma semana se passou e muita coisa aconteceu desde minha última postagem. Encerramos em Riachão a última etapa da temporada de estreia de Pai & Filho. Três apresentações, casa cheia, a montagem em espaço alternativo funcionou e quase que a cidade transforma Pai & Filho em espetáculo infantil. Muita criança. Incrível. E o mais incrível: assistiam em silêncio e sem dormir... vai entender... gostaria de dizer “sem se entediar”, mas, nesse caso, o depoimento teria que ser deles. De volta a São Luís, a notícia: a pequena companhia de teatro foi contemplada com o prêmio Myriam Muniz para circulação do espetáculo Pai & Filho pelo norte e nordeste do país. Único espetáculo maranhense premiado. Apenas sete na categoria em todo o nordeste. Não, não é déjà vu. Em 2010 a companhia recebeu o prêmio para montagem de Pai & Filho, agora o prêmio é para a circulação do espetáculo. Grande pequena! Desculpem a empolgação, é que são muitos anos de luta para alguns segundos de reconhecimento. Quer ler mais novidades? Vou para outro parágrafo para não confundir.
Agora filosofando: quando uma obra está pronta? Acho que era Borges que dizia que o problema de não publicar um livro é que passamos o resto da vida revisando-o. Vivo esse dilema. Tenho cinco textos teatrais e um projeto de publicação contemplado com o Prêmio BNB de Cultura. Você, leitor atento, dirá: se encaminhou o projeto desejava a publicação dos textos. Não necessariamente. Projeto é presente sem futuro. Só existe se aprovado. Então escrever um projeto é um ato esquizofrênico. Já projeto aprovado é autor apavorado: vale a pena publicar? Tem a qualidade necessária? É tamanha a incerteza que ainda nem encaminhei o livro para os pares responsáveis pela possível apresentação. O problema é que, diferentemente dos tantos livros de poemas que escrevi e nunca publiquei, esta dramaturgia reunida tem prazo para publicação, ou seja, não tem volta. Como diria meu amigo: “é dar a cara para bater”. Tenho a impressão de que os textos estavam felizes na gaveta... Eles não confessam...
Não é preciso dizer que as fotos são do debate e da montagem em Riachão

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Eu sou ator.

Estou adorando me apresentar com Pai&Filho. Seria fácil para qualquer ator falar isso, como é comum falar de seu novo trabalho. Mas, comigo, tem uma diferença fundamental, que é a de que eu não gosto de me apresentar. Dou-me o direito de mudar, sempre - obedecendo a uma certa coerência, obviamente.

Amanhã, estarei indo a Balsas com o objetivo de me apresentar em Riachão. E teremos outros debates, outras filmagens. Sei que tudo não é novo, e ao mesmo tempo é sempre uma novidade antiga, mas, a arte, o teatro, é uma porta que espreita uma realidade que é moldada por nós, e exposta aos berros pelas janelas. Quem passa dá uma olhada, e fica surpreso com o que vê - isso quase sempre. Por vezes, um homem nu. Por outras, mulheres chorosas. Ninguém fica ileso quando espreita uma janela. Sinto-me assim, sendo espreitado no palco por olhares buscando significados para tudo que fazemos. É como se fôssemos dissecados vivos.

Quanto mais apresentações, mais pessoas a nos perceber. Gosto disso. E não se contrapondo a isso, mudamos sempre - ou quase sempre. Por isso, digo que sou ator e que gosto de me apresentar no palco.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Riachão


Estou em Riachão. Sexta, sábado e domingo, 20:00hs, Pai & Filho no auditório da Prefeitura Municipal. Última etapa da temporada de estreia de espetáculo contemplado com o Prêmio Myriam Muniz.
A produção de temporada em cidade inédita tem sabor adocicado. Contato com novas pessoas, adaptação do espetáculo a um novo espaço, receios quanto à eficiência da divulgação, expectativa, discussão sobre as dificuldades de produzir cultura em um município com vinte mil habitantes, enfim, nova rotina para nova cidade.
Amanhã vou fazer a montagem e pela primeira vez o espetáculo será experimentado em espaço alternativo – um pequeno auditório onde o cenário estará na plateia – sem a caixa preta para arredondar a estética. Será o último teste para desencanar quanto à tentativa de encenação multi-espacial que pretendemos para Pai & Filho.
Depois é só descansar e esperar a chegada dos pares e da minha ímpar predileta.

Nota de utilidade pública: O curso de elaboração de projetos no interior do estado para o edital do BNB acontecerá no município de Riachão nesta sexta-feira pela manhã.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Notícias do lado de lá

As pessoas me perguntam: quando vocês vão apresentar outro espetáculo?, como se teatro desse em árvores. Um espetáculo pode - e deve - ser visto várias vezes. 

Ainda estamos por apresentar em Riachão, concluindo assim a temporada de estreia. Marcelo F. colocou o pé na estrada hoje pela manhã para tratar disso. 

Estou em São Luís e ainda não consegui ver Jorge C. para, ao menos, bater o texto. Tenho a sensação que só vou namorar.

A expectativa para os editais e coisa e tal é grande, pois eles darão um norte à circulação de Pai&Filho para outras cidades/estados/regiões além de nosso umbigo. 

Minha experiência em circulação sempre foi muito restrita, como os próprios debates que estamos fazendo. Tem um certo ar de maturidade no ar, que vem com a proposta de fazer teatro de grupo - profissionalmente falando.

Tenho muitas inquietações acerca do meu/nosso fazer, e a minha distância geográfica dos demais da Pequena C. está me deixando meio inerte em minhas ações cotidianas. Falta em mim o contato, fundamental para a compreensão das coisas.

Acho que preciso tomar uma Coca-cola.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Procurados

Vocês já pararam para se perguntar por que só Cláudio e eu postamos neste blog? Notaram que Jorge e Katia (ator e produtora da companhia) não postam? Faço esta pergunta por quê? Porque quero saber o porquê.

Nessa infeliz rotina de escrever para ninguém – tendo em vista que o caro leitor é um mero fantasma que finge estar presente em algum momento posterior ao ato de escrever – não conseguimos nem a solidariedade dos nossos pares. Os reticentes companheiros nos largam solitários no limbo do mundo virtual e seus seguidores mais virtuais ainda – aqueles amigos que só clicam “seguir” para se livrar da minha cobrança quando encontro com eles. Ainda em Entre Laços, foi Jorge que me convenceu da necessidade de estabelecer um diálogo direto com nossos espectadores/leitores e o quanto “esse tal de blog” (na época um verdadeiro E.T. para mim) era um mecanismo moderno e interessante. Katia, a mais fiel das leitoras obrigadas, já fica modorrenta no domingo – dia anterior ao meu dia de postagem. Cabe a você, leitor de Canterville, gerar pressão nos outros membros da companhia através da frequente quantidade de comentários e e-mails que mandam, para que o gelo destes seres se derreta, e vocês possam passar a usufruir das suas inéditas opiniões (risos gerais para todo este parágrafo).

Segue, abaixo, as fotos dos procurados:


Em Balsas, na apresentação de Pai & Filho, um espectador adulto disse que seguiu a orientação da mãe e compareceu. Nunca havia visto um espetáculo teatral. Surpreso, depôs que a apresentação gerara nele uma satisfação tamanha que agradeceu à mãe por estar ali, naquele momento, presenciando o que viu. Morei parte da minha vida em Balsas, sei muito bem o que é não ter teatro para ver... nem cinema... nem ...

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Ainda sobre os debates

Estou editando parte do material, resultado de nossas apresentações em São Luís, Imperatriz e Balsas - vídeos para registro, prestação de contas... -, e percebi algo que me fez refletir: estou falando demais nos debates. Isso me intriga em alguns aspectos. Penso que o debate poderia ser uma espécie de apêndice das apresentações, um momento para dialogar mesmo com o espectador, formar platéia, uma prática que poderia ser marca da Pequena Companhia de Teatro. Nos espetáculos que vejo, sinto falta disso. E seria um tempo para o público, inclusive, comer pipoca e tomar refrigerante.
                                                                                                   foto Ayrton Vale

Sei que esta foto está descontextualizada, mas gosto dela

Hoje eu fui a uma escola debater sobre o espetáculo. É que os alunos haviam assistido e não participaram efetivamente do debate. Assim, fui lá com esse propósito. Algumas questões estavam voltadas ao fazer teatral, de uma forma geral; curiosidade de como é tentar viver de teatro, as dificuldades encontradas, os prazeres, o processo de criação. Alguns dormiram, mas normal. Eu acabei falando bobagens, o que é normal também vindo de mim. A sinceridade é nociva, às vezes. Gosto de chocar ainda, creio eu. 

Debater é como sentenciar o outro com sua visão, discurso outro que não o da encenação. Sei que não é papel do teatro fazer isso, mas ajuda na leitura de uma obra. Efetivamente é uma ótima pedagogia.

Estou com saudades do espetáculo. Gosto dele. Torço para que possamos, de fato, trilhar por aí. Sinto-me mais maduro em cena. Talvez reflexo dos debates.