domingo, 8 de julho de 2018

Pequena Máscara de Teatro


Amanhã embarco para Mossoró. Passarei por lá uns vinte dias, reafirmando a permanente parceria da Pequena Companhia de Teatro com A Cia. Máscara de Teatro, e definindo nosso calendário para os próximos dez anos. Também continuo um projeto com a minha querida amiga Tony Silva, grande responsável pela minha relação afetiva com a cidade de Mossoró, que já dura 17 anos.

Nosso projeto é que, entre Máscara e Pequena, consigamos estrear um espetáculo por ano, ora uma, ora outra. Como encenador, após as montagens de 2019 e 2020, gostaria de encenar um espetáculo com o atravessamento das atrizes e dos atores de ambas. Em tempos bicudos como os de hoje é tudo muito urgente, e não há possibilidade de dar-se ao luxo de demorar cinco anos para gritar o dizer da vez. Teatro é política, e a politização se faz cada vez mais necessária; então, trabalhemos.

Para isso, precisa sair o de 2018, de título provisório “Ensaio sobre a memória”. Já cantei as datas na postagem passada e, por incrível que pareça, estamos conseguindo manter nosso cronograma, graças à destreza psíquico-prático-afetiva de Katia, Cláudio e Gilberto – esse queridíssimo companheiro que acompanha a Pequena desde sua pré-história –, que conseguiram aliviar minha permanente crise, e conduziram soluções estupendas para o avançar da nossa jornada. Elenco definido, data de início dos ensaios confirmada, dramaturgia em estado avançado, tudo caminha para o mais prazeroso momento de uma montagem: a entrada em sala de ensaio.

Além do projeto artístico, minha ida para Mossoró também cumpre importante papel para a montagem daqui, pois esses vinte dias em Mossoró me ajudarão no afastamento e na oxigenação necessária para encarar a empreitada, tendo em vista que queremos imprimir um ritmo peculiar a esta montagem, acelerando alguns processos, revisando outros, alternando procedimentos e, principalmente, colocando em vigilância a nossa metodologia, para que  seja sempre um suporte organizacional e criativo e nunca um instrumento de engessamento.

É possível cumprir um cronograma desses? Claro que não! Todavia, o que nos impede de projetar uma intensidade mais contundente no maior patrimônio do teatro de grupo, o seu repertório? Essa busca em reduzir os tempos entre as montagens expande o poder de comunicação, sustentabilidade e resistência, como trata o link que está escondido na palavrinha em vermelho que você deixou passar. Claro que essa proposta pressiona os artistas envolvidos, e dessa pressão – entre lágrimas, suor e lágrimas –, sairá o sumo criativo que adubará as encenações. Como disse anteriormente, crise é caos, e caoticamente sobrevivemos aos solavancos da existência, fazendo teatro, e cientes de que só sabemos fazer isso.