segunda-feira, 30 de abril de 2012

Inominável


Uma circulação é construída por nomes. Toda sigla esconde nomes. Qualquer empresa, empreitada, empreendimento se sustenta com um infindável número de nomes que de anônimos não têm nada.  Nossa jornada, promovida pelo SESC, vem sendo banhada por um sem-número de pessoas de carne, ossos, simpatia, elegância, gentileza, competência e atenção. São as pessoas que constroem entidades, associações e companhias. Nomes próprios: Isoneth, Remédios, Dani de Jade, Marina, Gisele, Yássara, Fabrício, Seu João, Bruno, Rita, Maxwell, Luciene, Rosana, Igor, Marcelo, Nilton, Fátima, Colete, Wiliam, Rafaela, André, Mariana, Gabriela, Viviane, Débora, Miguel, Anderson, Seu Pedro, Gabriel, Andressa, Cesário, Râmisse, Seu Lima... Todos os nossos passos dependem de nomes. Toda a nossa vida depende de nomes. Basta citar algum para que a imagem volte à mente, como o sorriso largo do Fabrício, as histórias de Seu João, as sugestões gastronômicas do Seu Pedro ou o último jantar com Cesário e Râmisse – para mencionar aqueles com quem tivemos mais contato até aqui, sem provocar ciúmes (risos). Busquemos os nomes por detrás das siglas para não nos perdermos na desumana burocracia.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Palmeira dos Índios - AL


A palavra pequena no cotidiano exerce diversos significados, com objetivos de menosprezar, diminuir e limitar o espaço. Mas quando sentimos essa palavra através do teatro, em especial, a Pequena Companhia de Teatro, a palavra ganha uma expansão no seu sentido oposto, além de um espetáculo de encher os olhos, traz conteúdos e processos imprescindíveis na formação do ator. A oficina ministrada em Palmeira para nossa Cia. não só enriqueceu o grupo, como estreitou laços socioculturais, pois o palco Giratório em seus 15 anos tem democratizado o acesso às artes cênicas em todo o Brasil e levado oficinas de aperfeiçoamento e desenvolvimento do ator. Na oficina da Pequena Companhia de Teatro, conseguimos perceber um processo prático e funcional, que resultou de muito estudo e analise, por parte dos atores da companhia. E como diz o Dramaturgo/Diretor/Encenador Marcelo Flecha: “O ator criativo é aquele que busca o domínio de seu corpo, pois quem comanda a personagem não é o diretor, mas sim, o ator”.
 
Estes ensinamentos trazidos pela Pequena Companhia através do Palco Giratório, fazem com que nossos atores percebam a importância do corpo quando se faz teatro, porque o corpo não é um mero objeto ou instrumento do ator, ele tem vida própria e memória. O trabalho da Pequena Companhia de Teatro não é diferente das outras companhias do estado. É lógico que tem suas peculiaridades, o que serve para mostrar o potencial dos grupos do nordeste e incentivar os trabalhos dos grupos de Alagoas. Sendo assim, o que esperamos é que o SESC continue cumprindo com seu trabalho sociocultural, mobilizando, articulando, incluindo e democratizando as artes cênicas com esse importante projeto que é o Palco Giratório.

Marcone Correia
Ator e Diretor da Cia. Mestres da Graça

Nas ondas

Cláudio Marconcine e Fabrício Barros entrevistados na Rádio 96 FM em Arapiraca, Alagoas. Palco Giratório, abril de 2012.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Eterno retorno

Gosto de escolhas. Sempre me apareceram em profusão as oportunidades para refletir e selecionar as que me eram possíveis e desejosas. Sou o acúmulo disso. A maturidade reformula e me faz ver aprofundadamente o que se manifesta e o que ainda está encoberto. Há um revisitar importante que me move. Sinto-me crível frente às minhas inquietações criativas. Pululam buscando uma nesga de espaço no tempo que se configura curto demais para uma noite. Meus dias são noites em profusão. Sinto-me de volta à casa dos velhos.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Resumo alagoano

O passeio pelo estado das Alagoas continua. Em Teotônio Vilela, casa lotada para Pai & Filho e a oficina “Do épico ao dramático: a transposição de gêneros como instrumento de confecção de dramaturgia”. A vida se faz de experiências. Cada encontro possibilita novas reflexões. Creio que, mostrando nosso caminho, contribuímos de alguma forma para o desenvolvimento de novos coletivos ou para o amadurecimento de outros. Em Palmeira dos Índios, a oficina foi a do Quadro de Antagônicos (bastante citada aqui no blog) e o espetáculo também foi recebido com casa cheia, além de alguns sapos, pássaros e mosquitos – a adaptabilidade de Pai & Filho nos surpreende a cada espaço. As pessoas gostam muito do espetáculo. Fica evidente em todos os debates que promovemos ao término de cada apresentação. É inevitável que isso provoque uma sensação de satisfação, de orgulho, de contentamento. Fazemos teatro e pessoas se predispõem a assistir. Fazemos teatro e somos recebidos com afeto. Fazemos teatro e é o nosso trabalho. Vinte anos atrás essa realidade era inimaginável. Amanhã Arapiraca nos espera. Nós esperamos muito tempo por tudo isto.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Subestimar e superestimar

Duas qualidades muito difíceis de lidar. Por um lado é recorrente subestimar a quantidade e qualidade do público em/de teatro. Por outro, é audível a verbalização de atores que, ao afagarem seus egos, superestimam suas habilidades no palco. Quando refletimos acerca disso, percebemos o quanto nosso senso de realidade é relativizado. A problematização aponta para a variabilidade de conceitos a partir da perspectiva de que realidade equivale a verdade, e ambas não são absolutas. Há espaço para a abstração não na forma, mas na recepção. Isso ocorre, principalmente, quando a realidade coletivizada - parto da premissa da vida em comum, algo que une as pessoas num tempo e espaço, na forma de cultivo, de culto... - inexiste para aqueles que circulam, que se distanciam dos seus pares, do seu microcosmo. Tenho 1.76 de altura. No Maranhão sou considerado alto; em São Paulo, não. 

O corpo tem memória, há a recuperação de informações importantes para a composição da personagem em cada apresentação, mas ele também é falho, caduca, fica doente. O teatro deve se proteger dessas armadilhas. Elas existem e nos fazem pessoas menos corretas, mais arrogantes. Teatro tem o dever de aproximar as pessoas, numa espécie de recuperação do rito. Na contemporaneidade a distância entre os seres já é enormemente grandiosa. Não carece de reforço.




quarta-feira, 11 de abril de 2012

Que teatro queremos?

Desejos são múltiplos. Difícil o ser querer algo, conseguir e se satisfazer. Não é do humano essa satisfação plena. O contrário disso o é. Quatro seres diferentes se encontram e buscam fazer um teatro possível. Dentro das diferenças existem igualdades, pois se não o fosse, não estaríamos nesta jornada. Mas, esse dizer não é eterno. Tudo é factual. 

Marcelo F. já havia comentado sobre essa necessidade de circular, ver outras experiências, dialogar com elas. É grandioso o retorno que temos, enquanto seres, quando nos deparamos com as experiências de outros grupos e refletimos sobre o nosso fazer. 

A cada dia percebo que algumas fases são necessárias para termos qualidade na execução de nossos desejos, do teatro que queremos. Aglutinar energias na perspectiva do quê e do como dizer são essenciais para o início da jornada. O mesmo ideal e o foco, a exigência para com esse compromisso e responsabilidade com essas perspectivas são o gancho para o que virá. Distante da fama e da fortuna, o reconhecimento do seu trabalho, do que você faz e seu reconhecimento nele, determinam a qualidade do seu prazer em satisfazer um seu desejo inicial. A plenitude não existe. Nos sobra a dignidade do fazer.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Feliz aniversário!

E o palco girou. Em Fortaleza, a apresentação inaugural da nossa circulação promovida pelo SESC, no teatro Emiliano Queiroz. Bom começo. A apresentação fluiu com energia e o público foi receptivo e atento às agruras do pai e aos sarcasmos do filho. Hoje, em Maceió, entregues à simpatia e gentileza de Fabrício e Seu João, com quem circularemos em caravana por Teotônio Vilela, Palmeira dos Índios e Arapiraca, cidades do interior das Alagoas. Porém, tudo começou com a apresentação de Pai & Filho aqui, na capital. Casa lotada, público generoso e uma apresentação sólida, contundente e cuidada. O recorte especial é para o debate: é muito bom falar do nosso processo para pessoas verdadeiramente interessadas em compreender como se desenvolveu o espetáculo – miudezas e detalhes que dão tanto trabalho e dos quais poucas vezes falamos.  Agora, passada a meia-noite, comemoramos, com cerveja, conversa e cansaço, o aniversário de dois anos da estreia de Pai & Filho. Na estrada!

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Zilef

Se felicidade existe, estou bem perto dela. Duas apresentações de Pai & Filho no VI Festival BNB de Artes Cênicas no dia 30, lançamento do Palco Giratório no dia 31 e hoje, em Canoa Quebrada, recebidos pelos queridos Fábio (meu primo) e Ana, o encontro com as amigas Tony, Luciana e Angélica num saboroso passeio pela permacultura promovido pelo casal anfitrião. Preparação para a jornada que começa: Fortaleza > Maceió > Teotônio Vilela > Palmeira dos Índios > Arapiraca > Vitória > Rio de Janeiro > Caxias do Sul > Passo Fundo > Ijuí > Santa Maria > Porto Alegre > Cuiabá > Rio de Janeiro > Feira de Santana > Recife > Macapá > Rio de Janeiro. Basta? É o que tem pra hoje.