Terça-feira que vem, dia 11 de julho, às 19h, estreia o espetáculo
teatral “Atenas: mutucas, boi e Body”, de Lauande Aires e Igor Nascimento, na
sede da Pequena Companhia de Teatro, na Rua do Giz, 295, Praia Grande. A
temporada de estreia vai de terça a sábado, e a entrada é gratuita. No elenco,
Dênia Correia, Nuno Lisboa e o próprio Lauande. Serão 15 apresentações ao todo,
sendo que as duas outras temporadas acontecerão de 15 a 19 e 22 a 26 de agosto.
Isso é o de importante que tinha para escrever hoje. Tudo o que segue é mais
uma das elucubrações irrelevantes às que submeto a querida leitora e o companheiro
leitor por mera necessidade de encontrar companhia para o maior prazer da minha
vida, perder tempo.
As relações da Pequena Companhia de Teatro são construídas,
primordialmente, pelo afeto. A própria consolidação do nosso grupo se
estabeleceu a partir dele e da amizade. Até a curadoria de ocupação da nossa
sede, como já falei aqui, é orientada, inicialmente, pelo afeto.
Você pode achar que é uma maluquice, eu acho um privilégio. Um dos meus
maiores temores durante a minha formação foi o de ser obrigado a ter que
trabalhar com gente chata. Como sempre conheci o tamanho da minha chatice,
achei oportuno me abrigar em ambientes agradáveis, onde a minha ranhetice
ficasse diluída na cordialidade e leveza do todo. É o prazer que me move, e o
teatro é uma fonte de prazer martirizante, onde o martírio do trabalho que faço
(trabalho sempre será um martírio para qualquer ser humano que entenda o
indelével prazer do ócio) encontra o prazer da lida com quem ou para quem
trabalho, criando uma espécie de limbo límpido, sombra iluminada, palafita
luxuosa, lodaçal de chocolate.
Com a ocupação da nossa sede pelo espetáculo Atenas não é diferente.
Acompanhar o sobe e desce de escadas, bater um papo entre sacadas, ouvir as
batidas dos martelos, servir no que for preciso, curiar as nuances, tomar um
suquinho, descobrir que têm malucos como nós; tudo isso é abraçado por um afeto
que me faz cruzar os dedos diariamente na torcida para que tudo dê certo, e na
terça tenhamos a estreia de um espetáculo honesto, comprometido, transformador,
pois nada pode fugir desse roteiro quando se tem um grupo tão dedicado, sério e
inteligente como o que tenho visto transitar feito fantasma pelas escadarias da
Pequena Companhia de Teatro nestes últimos dez dias.
Essa condição de existência privilegiada está diretamente relacionada ao
entendimento da necessidade de perceber onde estão os nossos pares, para onde os
caminhos convergem, onde se depositam os sonhos, onde se esconde a sutil
coincidência – aquela que junta os menos prováveis e os transforma em iguais,
por mais diferentes que sejam. Claro que para conseguir essa condição já engoli
muito sapo, vendi diversas vezes minha alma para o diabo, aguentei muito caboco
mais chato do que eu e até madruguei (!); tudo para conseguir essa minha pré-velhice
tranquila, meu quase fim moroso, a lenta despedida da movimentada quietude que
é a vida.
Escrevo esta glosa sobre o afeto porque Atenas é a mais longa jornada de
um espetáculo externo na nossa sede, desde sua inauguração, em 2013, e não
poderia estar envolvida outra pessoa que não o Lauande, um dos nossos amigos
mais próximos, e responsável por comandar a trupe nesta jornada trágica que se
avizinha. Como tudo o que me invade vira postagem, achei que as sensações da
experiência que narrei poderiam encontrar eco no coração da leitora ou leitor,
e ainda fantasio que, enquanto você lê, dá uma olhadela dissimulada para a
pessoa que está ao seu lado e sorri, graciosamente, por sentir a felicidade de
saber que ela é a pessoa que deveria estar nesse exato momento e lugar.
2 comentários:
Salve seu cabra. Que maravilha, mas discordo de sua pre-velhice tranquila. Você ainda tem muuuuito o que criar, portanto muita inquietação pra viver.
Bola pra frente que atras vem gente. Força e luz pra você meu querido "pre-velho"
Você é um cabra muito sumido! Desde a última vez já envelheci três vezes! Apareça, homi!
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