O maior patrimônio de um grupo de
teatro é o seu repertório. Ele multiplica, triplica, quadruplica o alcance das
suas ações, dependendo do óbvio cálculo matemático, se um, dois, três, ou
quatro espetáculos compõem o seu capital cênico.
Ano passado, enquanto estávamos na XVI
Mostra SESC Cariri de Cultura, com “Pai & Filho”, o cenário de “Velhos caem
do céu como canivetes” viajava para o 9º FENTEPIRA – Festival Nacional de
Teatro de Piracicaba. A MITPB – Mostra Internacional de Teatro Paraíba em Cena exclui
espetáculos que tenhas se apresentado no estado da Paraíba: impossibilidade
para “Pai & Filho”, que ocupará o Centro Cultural BNB de Sousa/PB, em
agosto, mas livre para “Velhos caem do céu como canivetes”, que participará da
mostra em outubro. Et cætera.
Também, do seu repertório, surgem
novas atividades formativas demandadas pelas necessidades apresentadas na construção
de uma nova encenação, mesmo que a metodologia seja a mesma, pois, um novo
espetáculo não se enquadra, não se enjaula, não se prende; algo novo sempre nos
toma de assalto.
Palestras, oficinas, vivencias,
workshops, são frutos de uma nova experiência cênica, e enlanguescem a emissão
de conteúdo provindo da encenação em questão, despertando novos interesses,
diferentes olhares e maior particularidade no aprofundamento de suas reflexões.
Essa pluralidade potencializa o
retorno econômico, fundamental para a manutenção de uma pesquisa teatral
continuada, sem a necessidade de dispersar tempo criativo com outras ocupações
profissionais, tão comuns aos fazedores de teatro do Maranhão.
A gênese da solução para evitar essa
equação adversa é investir no repertório. Claro que, para capitalizar esse retorno,
a necessidade do grupo conter elenco estável é basilar. Também, a qualidade, versatilidade
e pluralidade desse elenco. Sem um mínimo de dois desses atributos não vejo
possibilidade de capitalização.
O difícil é manter o foco, não desviar
a atenção, não se seduzir por resultados imediatos, não ceder a pressões
externas, avaliar a empolgação, analisar se decisões intempestivas ou
entusiasmadas tomadas hoje não comprometem o desenvolvimento do coletivo
amanhã.
Foram as nossas decisões no decorrer
dos últimos dez anos, focada nesse princípio básico, que possibilitaram a
sobrevivência e subsistência dos membros da Pequena Companhia de Teatro até
hoje. Não fosse assim, seria impossível ter resistido a anos de crise
como o de 2009, com sua fatídica conjuntura político-financeira.
7 comentários:
Lúcido!
Rápido e limpo como um samurai! Rsrsrs
Muito oportuno. A dificuldade da manutenção de elencos estáveis é um problema de difícil solução. A troca de um ator em um trabalho demanda tempo, desgasta e existem percas consideráveis no produto final.
Rodrigo! Você estava sumido... Cheguei a pensar no pior! (risos) É, Adriano (imagino que seja você), mudanças de elenco são desastrosas... Por isso é fundamental analisar o grau de afinidade na construção de um grupo. Levamos cinco anos nessa construção e outros cinco fruindo dos resultados. É fundamental não agir intempestivamente, e apostar a longo prazo. Abraço, aos dois!
Prezado Marcelo,
Tentamos por anos manter este repertório mais por muitas das vezes fomos atraídos pelos "resultados imediatos", "as pressões externas" e "decisões intempestivas". Estamos com dois espetáculos agora e vamos mais vez tentar não cair nas tentações...Evoé!
Feliz com essa decisão, amigo Pellé! Sempre torcendo para o fortalecimento desse histórico Harém, peça fundamental do teatro nordestino! Saudade de você, meu velho amigo!
Durante minha pesquisa de mono quase desisti de falar sobre o chamado "teatro de pesquisa" pq não chegava a uma duzia o número de companhias com elencos estáveis, uma das características principais dessa modalidade de teatro... Foi isso que me fez mudar o foco, e acabei falando só de uma figura desse emaranhado - o diretor.
Beijos, Marcelo :*
Não chegava a uma dúzia aqui no MA*
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