sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Uma novidade

Não gosto de estreias. De qualquer tipo. Tanto como espectador quanto ator. Várias motivações. Uma delas é ter a plena convicção de que muita coisa vai falhar. E, quando isso ocorre, é perceptível a quem observa. Sensação de incapacidade. Para Denise Stoklos, o teatro, quando se achar pronto, deve deixar de ser apresentado. Comungo disso. Mas, há uma assustadora diferença que pesa na comparação entre a estreia e a 50ª apresentação: a maturidade do elenco, a consistência da fala do texto e a presença/reação dos expectadores. Não gosto de estreias. Em São Luís há uma prática que potencializa a efemeridade do teatro e fragiliza sua consistência: poucas apresentações; curta temporada. As justificativas são muitas. Eu desisti de assistir. Teatro que é teatro deve se sustentar além de algumas apresentações. Assim, fico sem ver um apanhado de alguma coisa que fica entre o teatro, a intervenção, a performance, o experimento. Cansa ver coisa ruim. Meu estômago não aguenta tanta injustiça cometida contra o teatro. Quando estou no palco, estreando um espetáculo, entrego-me por completo; íntegro e inteiro. O diretor tem as convicções dele que a obra está pronta para ser vista. Sou ator. Meu ofício é outro. Deixo que o público sentencie - se bem que o público de São Luís é generoso, caridoso demais. A novidade talvez se resida na permanência de alguns espetáculos em cartaz, circulando. Isso é novo na ilha de praias contaminadas. A novidade para por aí. 

2 comentários:

Unknown disse...

Bem profundo. Me fez pensar. Beijo querido.

Xico

Anônimo disse...

Vamos esperar - e acreditar - que venham outras novidades...

Obrigada pela reflexão. Abraços!