Cresci ouvindo que teatro era coisa de viado, maconheiro e
prostituta. Fernanda Montenegro tinha uma carteirinha de prostituta, diziam.
Fumei meu primeiro baseado no teatro e perdi minha virgindade com alguém dele. Aconteceu
comigo, minha experiência e ponto. Generalizar é assumir a mediocridade da
turba.
Acho o teatro chato como fruição, cerebral e com muitos
signos. Gosto mais do cinema - qualquer que seja ele. Eu determino as pausas, o
cansaço, o descanso. E pelo ritmo do cotidiano, a diversão que me sobraria
seria a televisão, mas desisti dela porque não quero ser mais i(n)gnorante do
que sou. Aprendi que a televisão emburrece, sempre, independente do conteúdo.
Assumi isso como uma de minhas verdades e a aboli da minha vida. Aboli também as
reflexões desnecessárias. Não sou determinista, mas gosto de me utilizar de uma
frase de vez em quando, mas sem, contudo verbalizá-la. Meio retórica: é assim e
pronto. Algumas coisas são assim e pronto, não podemos mudar. Aprendi, também,
que, para não malhar em ferro frio, é preciso fazer uma espécie de diagnóstico
antes de entrar em uma empreitada, para não desistir no meio do caminho: a)
você tem poder (tempo, recursos, desejo, habilidade, competência) para fazer o
que quer? Se não tem esse poder tem o apoio necessário de quem o tem?; b) é uma
de suas prioridades?; c) é um desejo somente seu ou outros também estão envolvidos
neste desejo? De posse de minhas respostas, desisto ou planejo minha batalha. Outra
coisa que aprendi é: quais relações são possíveis de se ter com as pessoas: a)
enfrentamento; b) cooptação; c) cooperação; d) convencimento; e) distanciamento;
f) indiferença.
Assim, melhor me calar oralmente em determinadas situações.
Quando fazemos arte, a obra fala por nós.
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