quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Ah, o teatro


Cresci ouvindo que teatro era coisa de viado, maconheiro e prostituta. Fernanda Montenegro tinha uma carteirinha de prostituta, diziam. Fumei meu primeiro baseado no teatro e perdi minha virgindade com alguém dele. Aconteceu comigo, minha experiência e ponto. Generalizar é assumir a mediocridade da turba.

Acho o teatro chato como fruição, cerebral e com muitos signos. Gosto mais do cinema - qualquer que seja ele. Eu determino as pausas, o cansaço, o descanso. E pelo ritmo do cotidiano, a diversão que me sobraria seria a televisão, mas desisti dela porque não quero ser mais i(n)gnorante do que sou. Aprendi que a televisão emburrece, sempre, independente do conteúdo. Assumi isso como uma de minhas verdades e a aboli da minha vida. Aboli também as reflexões desnecessárias. Não sou determinista, mas gosto de me utilizar de uma frase de vez em quando, mas sem, contudo verbalizá-la. Meio retórica: é assim e pronto. Algumas coisas são assim e pronto, não podemos mudar. Aprendi, também, que, para não malhar em ferro frio, é preciso fazer uma espécie de diagnóstico antes de entrar em uma empreitada, para não desistir no meio do caminho: a) você tem poder (tempo, recursos, desejo, habilidade, competência) para fazer o que quer? Se não tem esse poder tem o apoio necessário de quem o tem?; b) é uma de suas prioridades?; c) é um desejo somente seu ou outros também estão envolvidos neste desejo? De posse de minhas respostas, desisto ou planejo minha batalha. Outra coisa que aprendi é: quais relações são possíveis de se ter com as pessoas: a) enfrentamento; b) cooptação; c) cooperação; d) convencimento; e) distanciamento; f) indiferença.

Assim, melhor me calar oralmente em determinadas situações. Quando fazemos arte, a obra fala por nós. 

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