sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O bêbado

No Rio de Janeiro, quando assistíamos a um espetáculo, tivemos a oportunidade de presenciar um bêbado como espectador. E era daqueles bêbados chatos, que insistia em participar da apresentação, estar com o foco. A turma do "deixa disso" tentava, meio que em vão, destitui-lo da façanha. Ele era um artista, uma espécie de público especializado.
Ontem, em Parnaíba, na segunda sessão de Pai & Filho, tivemos a chance de ter o nosso... bêbado. Pensei que ele estava incomodado com o espetáculo, não que estivesse sobre efeito do álcool. Independente dele, o público era difícil. Comentamos sempre que o público interfere no espetáculo, que ele é fundamental - e isso é a pura verdade. Para mim funcionou como estímulo. Precisamos ser generosos, fazer uma apresentação primoroso, independente da generosidade do público. Contradizendo-me, enquanto profissionais não podemos deixar que a plateia interfira de forma a alterar nosso estado de atenção. Da mesma maneira que é fácil deixarmo-nos vencer pelo riso fácil, é igualmente ruidoso quando não nos sentimos estimulados a cumprir com o nosso ofício.
O melhor público é aquele que é ativo, que nos sacode, que nos instiga. 

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