
Sempre fui reticente ao registro em vídeo de espetáculos teatrais. Inicialmente acho que o teatro – muito além do seu discurso – é uma experiência física, energética e sensorial preparada para aqueles que se predispuseram a comparecer. A atmosfera é intransponível. O efeito presencial é insubstituível. Nada pode se comparar à sensação de estar em uma plateia de teatro – talvez um estádio de futebol. Mas se Dos à Deux não houvesse sido filmado eu jamais o assistiria, tendo em vista que a companhia está radicada em Paris desde sua origem. Jamais talvez seja exagero, mas, enfim.
Outra argumentação, que me tornava avesso ao registro, era quanto à perda da qualidade do espetáculo filmado e como ela reduzia as consequências artísticas da proposta. Então me pergunto: e neste caso? Respondo: talvez a qualidade artística de uma proposta, quando esta se torna verdadeiramente uma obra de arte, seja incorruptível. Se a obra é “maravilhosa”, o vídeo, no mínimo, pode torná-la “muito boa”, e, nesse caso, o lucro ainda é do espectador.
Não digo com isso que mudei de ideia. Digo apenas que sou um ser vivo, e, como tal, estou em declinante transformação: pele arrugando, cabelos embranquecendo e uma que outra ideia insistindo em se apresentar para revisão.
Um comentário:
Acho também Marcelo que nos tempos de hoje, temos da tecnologia avançada é importante o teatro ir se restruturando cada vez mais em ternos tecnologicos, hoje a galera que vai teatro usa ipode, ifone, mp o cacete e por aí vai... Ver teatro no video é o mínino que pode acontecer nessas épocas robóticas.
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