sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Teatro é espaço de encontro


Quem vai assistir a um espetáculo teatral sempre tem a certeza de que vai encontrar pessoas, tanto na plateia quanto no palco. Conhecidos e desconhecidos. Pode-se sentar na frente, atrás, lateralmente, no chão, ficar de pé. Em cada local e situação, perspectivas diferentes do encontro: manter-se à distância ou aproximar-se?

Mesmo plateias diferentes, são plateias de teatro, e sempre se reencontram. Fazedores teatrais também são assim: se fazem teatro, se encontram, se reencontram. De uma forma que não sei ao certo, se solidarizam nas dificuldades e se confraternizam nas conquistas.

A dinâmica da vida de cada um faz com que as escolhas interfiram nesses encontros, de diferentes modos. Aos fazedores, a conquista dos espaços. A circulação não só oportuniza o conhecimento de outros espaços como amplia as oportunidades de encontro. Não estamos imunes às interferências do meio e das gentes. O que fica, fica. A partir dai, os reencontros são inevitáveis: sensação de amparo, de aconchego. Uma felicidade descomunal em rever pessoas que continuam a fazer da sua arte seu ofício, apesar dos atropelos. Como que por uma reflexo no espelho conseguíssemos ver neles também a nossa vida. Percebê-los em cena faz-nos ainda vivos. 

Gosto de me reencontrar nos espaços num recorte temporal diverso. As sensações sempre diferem numa comparação mesmo que grosseira.

Numa época eu me sentia meio nômade, mas consegui identificar alguns espaços nos quais me sentia pertencente. Quando os revisito, encho-me de esperanças. Não sou de todo ruim. Faço teatro.


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