quinta-feira, 11 de julho de 2013

O dia é hoje

Foto de Marcelo F.
Enquanto não tomarmos para nós a cronologia das horas, o mundo será o que é. Meu hoje é carregado de repetições com sentido, que fazem de mim um ser identitário. As segundas-feiras são abarrotadas de terças, de quartas, de quintas e de sextas. Os finais de semana são os dias do lixo. Paulinho Moska ainda faz um sucesso com a música "O último dia". Meus dias são sempre "o último dia", e não tenho como correr disso. A pulsação, o respirar e transpirar, as relações e os conflitos são característicos de quem vive seu derradeiro momento. Tudo é sempre, sempre e sempre muito, muiiiiiiiiiiiiito urgente. O teatro não me enternece. Talvez, no instante do gozo, eu me sinta um pouco deslocado do calendário das horas e me percebo um pouco na onda das ruas, no oba oba, na felicidade de um instante. Tirando a exceção, é regra: o dia é hoje. 

Ensaios são urgentes. Apresentações, não. Mas, os orgasmos são surpreendentemente necessários ao azeitamento das engrenagens. Um homem feliz é aquele que transa e faz teatro. Minha vida deveria ser regra; o que sobra é exceção.

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