Sou
um artista intuitivo. Estudo. Gosto de estudar, contudo, quando o momento
aparece, não sei estruturar formalmente as soluções necessárias. “As sortes”
vêm do conhecimento empírico, das percepções, das lucubrações solitárias, das
discussões com meus pares, das explosões sensórias do espectador profissional
que sou. Isso me aflige, porque gosto dos argumentos teóricos, das
dissertações, dos nomes próprios, das referências. Sinto-me menor, claudicante,
embusteiro. Sou sincero, verdadeiro, mas esta certeza não ameniza a imagem que
creio que os outros têm de mim quando opero distante dos cânones. Não
faço isso premeditadamente. Para mim, o momento criativo é vulcânico, e carrego
comigo as influências de todos os fantasmas que me forjaram, mas não me detenho
para entendê-los. No momento da criação não me interessa entendê-los. Não sei
criar catalogando, referindo, comparando, consultando. O estudo vem antes e
depois, nunca durante. Isso provoca na construção da obra um estado movediço,
frágil e modelável como argila no torno. Rigidez, desprezada. Certezas,
abandonadas. Concretudes, esfareladas. Pronta, a obra se reinventa e vejo tudo
claramente: teoricamente, tecnicamente, formalmente. Tudo está lá. Límpido e
cristalino. Na maioria das vezes consigo até enxergá-lo. Mas, a inferioridade,
permanece. Coisa de matuto.
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2 comentários:
Neste sentido e em vários outros, sou tão matuta quanto você. E seguirei sendo. Acredito é no Teatro. O resto vem depois...
O resto vem depois. É isso aí. Adoro o trabalho desses matutos! haha (saudades, Rosa)
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