domingo, 11 de agosto de 2013

Antígua e Barbuda


Penso que as marcas de expressão que carrego no rosto formam o mapa da minha trajetória. Aprecio cada ruga, cada cicatriz, cada mancha, porque dizem de um tempo vivido, de momentos perpetuados, de passos dados em busca do presente. O Ser Humano, do espetáculo Velhos caem do céu como canivetes, também carrega as suas marcas no rosto, contudo, o mapa traçado é compreendido de desalento, frustrações, dores, desilusões – riscos na pele que revelam a alma. Diferentemente de Pai & Filho – quando o espetáculo apresentava duas personagens mais arquetípicas, e os antônimos opressor & oprimido, vítima & algoz, eram marcantes e delineavam a trajetória dos seres em questão – o novo espetáculo caminha para apresentar personagens mais sutis. A permanente indefinição da origem do Ser Alado desconstrói a imagem arquetípica angelical e oferece maiores nuances. Anjo? Ave? Sonho? Homem? Demônio? Delírio? Esse ser com asas guarda consigo o mistério da própria existência. Cabe a um mísero ser humano decifrar o enigma, trambalear no ardil construído pelo voador, sem deixar-se atordoar. Ou seria apenas um delírio místico? Um desejo mítico? Se a fome é a pior das dores, de um ser fragilizado por ela tudo pode se esperar. Essa estrutura dramatológica viabiliza uma investigação criativa mais particularizada das personagens e oferece para os atores um arsenal mais delicado de instrumentos para a construção dos seres. Nesse astucioso momento do processo nos encontramos hoje. Costurando a teia que organiza estas personagens para que alcem voos íntimos, complexos e duradouros.

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