domingo, 29 de junho de 2014

Estamos em pleno lar

A retomada das nossas atividades, depois do recesso provocado pela copa do mundo, dar-se-á dia 21 de julho, com o início da temporada regular de Pai & Filho – pela primeira vez na Sede da Pequena Companhia de Teatro. Com isso, a configuração espacial do nosso teatro, área multiuso, sala de tortura, lugar de cena, ou qual alcunha você queira dar ao salão onde você prestigiou o espetáculo Velhos caem do céu como canivetes, mudará completamente – confirmando a versatilidade do espaço e enchendo meu tempo com uma alegria incomum. O tema, e o trabalho que ele demanda, são meus entretenimentos atuais. Entre um jogo e outro, ou com uma TV a tiracolo, me divirto reconfigurando o ambiente. Subo as escadas e instalo uma bambolina aqui, um cabo de aço acolá, uma corda ali, uma arquibancada lá, e o espaço onde outrora caíra um velho ser alado vai se transformando no ambiente de um pai enfurecido. O que propomos com a nossa sala de teatro é próximo à vivência que tive na cidade de Catania – Itália, onde toda a estrutura técnica de maquinaria (varas, contrapesos, cabos, cordas) foi herança vinda do mar, extraída da experiência adquirida nas embarcações, quando o teatro, ao utilizar mão de obra oriunda do porto, sem perceber, assimilava para si a expertise do homem do mar, com suas cordas, nós, mastros, roldanas e força. No teatro Massimo Bellini, apesar de ser um clássico teatro de ópera, não existe maquinaria fixa, e toda a estrutura técnica é montada e remontada de acordo com a necessidade do espetáculo que será apresentado. Atravessado o Atlântico, essa experiência fecunda a proposta de uma sala forneada com as mesmas cordas, ganchos, roldanas e nós que um dia conduziram os invasores da nossa Upaon-Açu. Você não vê, nem repara, mas por trás de cada apresentação esconde-se um torvelinho de fatores que tornam o teatro esse incomensurável ambiente de sensações. Mire e veja.

Um comentário:

Rodrigo França disse...

As vísceras da cena! Merdra!