quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Beba Pepsi-Cola

Planejar é tudo – dizem. A partir dele os objetivos são alcançados, as tentativas de frustrações  anuladas, as perspectivas ampliadas, os impactos dos imprevistos minimizados. Tudo contrário à vida. A falha, a incerteza, a dúvida, a dor, a perda, a surpresa estão mais relacionados com a essência humana do que todo o resto. E vivemos a elaborar projetos, ler editais para subsidiar as produções e nossa arte. Existe uma alma do teatro amador que o profissional mudou ou perdeu. É que os pais morrem e os filhos ficam. Nadar contra a corrente tem disso. Meu amigo Lio Ribeiro já dizia: “Você mina sua vida de atitudes que te fazem assim, infeliz”. Falava acerca das relações afetivo-amorosas que não passam de uma estação. Gosto de passar fome. Já pratiquei esse “esporte” em São Paulo, Imperatriz, João Pessoa, Salvador. Vem à mente o nome de um espetáculo representado por duas de minhas irmãs, no interior do Pará: Sede de viver... Antes de fechar o pano, a última fala: “Até o diabo tem sede de viver”. Bonito isso. Gosto da morte em vida, em que cada dia perece algo (qualquer que seja ele) para dar guarida a outro que chega. E eu a observar tudo isso. O teatro é o espaço do desvario; da perda e da conquista. 


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