Planejar é tudo – dizem. A partir dele os objetivos são
alcançados, as tentativas de frustrações anuladas, as perspectivas ampliadas, os impactos
dos imprevistos minimizados. Tudo contrário à vida. A falha, a incerteza, a
dúvida, a dor, a perda, a surpresa estão mais relacionados com a essência
humana do que todo o resto. E vivemos a elaborar projetos, ler editais para
subsidiar as produções e nossa arte. Existe uma alma do teatro amador que o
profissional mudou ou perdeu. É que os pais morrem e os filhos ficam. Nadar
contra a corrente tem disso. Meu amigo Lio Ribeiro já dizia: “Você mina sua
vida de atitudes que te fazem assim, infeliz”. Falava acerca das relações
afetivo-amorosas que não passam de uma estação. Gosto de passar fome. Já
pratiquei esse “esporte” em São Paulo, Imperatriz, João Pessoa, Salvador. Vem à
mente o nome de um espetáculo representado por duas de minhas irmãs, no
interior do Pará: Sede de viver... Antes de fechar o pano, a última fala: “Até
o diabo tem sede de viver”. Bonito isso. Gosto da morte em vida, em que cada
dia perece algo (qualquer que seja ele) para dar guarida a outro que chega. E
eu a observar tudo isso. O teatro é o espaço do desvario; da perda e da
conquista.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário