domingo, 26 de agosto de 2012

A difícil jornada


A dramaturgia é um exercício precioso para o encenador – quando é apenas exercício. Quando é ofício, aí complica. Escrever para encenar limita o autor e amarra o encenador. É uma peleja seca e sacra. O escritor precisa pensar no diretor. O diretor precisa ter coragem para aceitar o escritor – aguentando os desafios e provocações oferecidas pela escritura. Esquizofrenia pura. Eles querem o mesmo, porém, pensam diferente. Se um é anárquico o outro é austero. O dramaturgo radical precisa dar espaço para façanhas menos íngremes, sob pena de ver o responsável pela cena preso num beco sem saída. Contudo, um e outro, não podem se acovardar com marolas e devem ter a coragem de enfrentar o alto-mar. Se um é polêmico o outro é político. Quando o encenador grita o poeta deve ter a força para calar. Entre opostos e atravessados vão, um e outro, sem medo de ferir. Escrever e encenar. Verbos forjados em mim, separados. Juntos são mera consequência.  Confidências de um bardo. Afinal, vocês sabem, velhos caem do céu como canivetes e não há guarda-chuva ou estiagem capaz de pará-los.

4 comentários:

Luciana Duarte disse...

Essa dupla é bacana. Conviver uma aprendizagem. Sinto sua falta no nosso blog. Passe por lá vez por outra. Luciana Pedinte Duarte. (risos). Saudade e parabéns pelas jornadas.

TonySilvaAtriz disse...

Ah!!!! Nós estamos no mesmo dilema,mas sem sofrimentos.Veja só eu e luciana nos atrevemos a escrever um recital,meio teatro para criancas. Paramos pois é preciso que respiremos iqualmente ao público que queremos atingir,não como os de Maria Clara,maisde certa uma Clara Maria que assistirá,participando e dando sugestões.Depois mandaremos pra que o mestre nos dê a sua opinião.Saudades mil.Não sofra.Voce nas gozar das letras e dos entendimentos.

Lio Ribeiro disse...

mais que um depoimento, ou reflexão, Celo, esse seu texto é um poema. dilacerante, e mágico. (ouso dizer que não penso muito nisso na hora da escrivinhação. eu escrevo. o encenador, encene (e, veja que já encenei textos meus, num passado longíncuo, mas não distante!

Marcelo Flecha disse...

Menino!!! Que honra ler seu comentário! Sei que você é assíduo leitor, mas não tinhamos o prazer dos seus comentários, apareça! Risos e abraços!