tenho
o hábito de detestar discussões acaloradas virtuais. considero
totalmente improdutivo polarizações e tenho preguiça de curtir, de
comentar – de compartilhar dou um desconto razoável. acompanho os
debates dos candidatos à presidência pela internet, pois há tempos
desisti de ter televisão – ela emburrece... imagine como eu
ficaria. ao governo do maranhão, acompanho as entrevistas – também
virtuais –, que simulam os apresentadores do jornal nacional, mais
imbecilizados ainda. em comum, nada consistente, significativo ou
sequer ventilado acerca de políticas públicas para a cultura. ciro
gomes tentou alguma coisa com o tico santa cruz e a michelle cabral
comentou algo sobre o haddad, mas não chequei a informação. tentei
buscar as propostas do boulos, mas não encontrei na página do psol
seu programa ou diretrizes de governo. se são tão difíceis assim
de serem verbalizadas em entrevistas, levo a crer que nenhum deles
está interessado em divulgar suas propostas para esse segmento –
ou não têm mesmo.
em
casa chegam panfletos e informes sobre os candidatos locais e nenhum
deles trata sobre o assunto. de fato, se a prefeitura e o estado não
se preocupam, esse tema cai no esquecimento, e nem mais em época de
propaganda eleitoral sugerem mudanças. assim, nos resta a
continuidade de nada ou de coisa nenhuma; órfãos de pai e mãe, sem
avós ou tias para nos criarem e nos manterem vivos; ausência total
do estado na condução de políticas públicas para a cultura.
diariamente
estamos trabalhando para a montagem do novo espetáculo, sem
financiamento público ou privado, fazendo nosso papel e ocupando um
espaço que deveria ser subsidiado. somos o retrato daqueles que não
se vergam diante da incapacidade monstruosa daqueles que têm o papel
de cuidar para que nossa comunidade esteja permanentemente refletindo
sobre a realidade. vivemos numa mobilização tacanha e imbecil na
virtualidade. o que nos falta, ainda, é o encontro; espaços de
interlocução estão cada vez mais raros. sentimo-nos sós; olhamos
para um lado, para o outro e só vemos pessoas pela janela do
computador. o mundo está bastante chato é uma primeira assertiva. a
segunda é que a arte deve provocar reflexão, análise e impacto.
já a terceira, é que permanecemos marginais, jogados ao limbo,
desesperançosos com qualquer mudança.
o
que nos sobra senão permanecermos exercendo nosso ofício? nossa
mobilização se estabelece na condução do que nos move. continuar
a fazer o que insistem em minar, em desmobilizar é a nossa maior
resposta, nosso maior posicionamento, nossa maior política.
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