quinta-feira, 16 de agosto de 2018

índios




acho que justificativas entediam ou desacreditam um pouco o que vem posteriormente e fugir à regra é por demais exigente. deixei de publicar aqui por crer desnecessário forçar uma escrita desmedida. àquela época, a ausência era restrita ao silêncio, ao desdesejo, à aridez. alguma coisa mudou aqui dentro e fora de mim. produzir tem disso: reforça a circulação do pensamento na perspectiva da ação e sim, estamos em montagem do novo espetáculo e o processo criativo de um ator também passa pelo exercício da escrita e da interlocução – independentemente da forma ou abordagem. 


outra consideração a ser estabelecida é a das palavras nesta postagem (e nas que virão, às quartas-feiras) serem minúsculas. recupero minha prática em escrever sem o viés da norma culta (sic) da língua para reforçar o meu dizer, em que pese, na oralidade, um nivelamento da possível importância atribuída a alguns vocábulos. e viva valter hugo mãe! 

já se foram alguns dias de treinamento a partir o “quadro de antagônicos”, e agora não mais com jorge choairy na sala de ensaio, mas com jyesse ferreira, xico cruz e katia lopes, sendo minha quarta montagem na pequena companhia, com marcelo na encenação e mesmo procedimento metodológico. mesmo procedimento? tudo muda: pessoas, visões, espaços, territórios, confluências, percepções, crenças, corpos. uma outra experiência se presentifica e a maturidade e o amadurecimento exigem um revisitar, uma reflexão outra da experiência que se reforça ou se refuta na atualidade. tudo está passível dessa análise e soma-se a isso a exigência da performance em cena, da degradação do corpo no tempo, das neuroses, dos humores. 

a vontade e o desejo ainda caminham de mãos dadas, unidas, sem moléstia alguma. um possível cansaço recupera a sensação de humano se contrapondo à virtualidade tacanha, modorrenta e aterradora. um fluxo de sensações e sentires que viabiliza a criação, as relações, a arte, a obra, surge e é compartilhada, analisada, requerida. produção e trabalho são importantes para a conjuntura política atual, onde a ausência dos entes públicos, independentemente da esfera, o famigerado golpe e o recrudescimento da vilania, forçam uma presença laboral crítica mais contundente e eficaz. não dá para ser diferente ou indiferente. nossa arte exige um respeito que não sentimos, e por vezes nos diminuímos, nos cremos menores, desprestigiados, incapazes, desnecessários. a vida funciona sem arte, sem teatro, mas a que preço? a sábia mãe diz muito da tempestade que se avizinha para refletir o que nos reserva após sua passagem. por hoje, o trabalho e o prazer são companheiros de resistência. amanhã, uma arma cortante: nossa voz clama por sair.

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