No ano em que completa dez anos de
ininterrupto fazer teatral, a Pequena Companhia de Teatro mantém sua vocação
itinerante, e celebra circulando com seu repertório de espetáculos por duas
regiões completas do nosso país – Pai & Filho, pela região Centro-Oeste,
através do Programa Petrobrás Distribuidora de Cultura, e Velhos caem do céu como canivetes, pela região Norte, através do SESC Amazônia das Artes.
Mas, como quase nada é festa, depois
desses dez anos de história, o principal desafio do grupo continua sendo o
mesmo: produzir teatro e sobreviver dessa produção em uma das periferias mais
miseráveis e agônicas do país, o Maranhão.
Nosso fazer atual, e durante toda a
última década, vem se sustentando com a democratização dos recursos públicos
federais disponibilizados nos últimos anos, e de parceiros específicos da
iniciativa privada (leia-se SESC e SESI), fatores que nos possibilitam resistir
à indiferença recebida dos poderes públicos municipal e estadual, que insistem
em construir nossa invisibilidade.
Agora, é o governo federal que guina para a destra e o desastre é iminente. Nós artistas, que vimos encontrando na arte uma forma de construir um dizer comprometido com a efetiva consolidação do conceito de cidadania, sabemos que os sinais dados levam os rumos da cultura do país à fatídica condição de mero evento.
O que essa situação tenta esconder é a notória necessidade de combater o pensamento crítico, a reflexão política, o desenvolvimento cultural. O provincianismo imperante em nosso estado, e que agora se estende Brasil afora, continua sendo o de olhar a cultura e a arte como um enfeite de bolo, um entretenimento para as elites, uma disfarçada mercadoria para turista ver. Exemplos tácitos desse caminho são a frustrada tentativa de extinguir o Ministério da Cultura, por parte do governo federal, e o menoscabo da cultura ao fundi-la com o turismo, por parte do governo estadual. A ideia de política pública cultural é uma nebulosa fantasia, e nós, artistas, continuamos pautados pelo calendário festivo de Carnaval, São João, férias, Pátria, Natal e Réveillon.
Agora, é o governo federal que guina para a destra e o desastre é iminente. Nós artistas, que vimos encontrando na arte uma forma de construir um dizer comprometido com a efetiva consolidação do conceito de cidadania, sabemos que os sinais dados levam os rumos da cultura do país à fatídica condição de mero evento.
O que essa situação tenta esconder é a notória necessidade de combater o pensamento crítico, a reflexão política, o desenvolvimento cultural. O provincianismo imperante em nosso estado, e que agora se estende Brasil afora, continua sendo o de olhar a cultura e a arte como um enfeite de bolo, um entretenimento para as elites, uma disfarçada mercadoria para turista ver. Exemplos tácitos desse caminho são a frustrada tentativa de extinguir o Ministério da Cultura, por parte do governo federal, e o menoscabo da cultura ao fundi-la com o turismo, por parte do governo estadual. A ideia de política pública cultural é uma nebulosa fantasia, e nós, artistas, continuamos pautados pelo calendário festivo de Carnaval, São João, férias, Pátria, Natal e Réveillon.
Um grupo de teatro como o nosso – que
tem como objetivo a pesquisa, o desenvolvimento de linguagem, a revisão
histórica, a contestação da realidade atual, a reivindicação de uma sociedade
mais justa e equilibrada – ao encontrar-se incrustado no cerne de um ambiente
tão inóspito para o desenvolvimento sociopolítico-cultural, despedaça-se na
tentativa de manter-se erguido, atuante e contundente na reivindicação dos
direitos dos pequenos, dos menores, dos sem voz, como demostrado nos nossos
dois últimos espetáculo, ao visitar temas como poder e miséria.
Enquanto os poderes municipal, estadual
e federal constituídos não conseguem enxergar o nosso fazer como instrumento
importante para a consolidação de uma sociedade mais empoderada, é a circulação
do nosso pensamento pelo país nossa principal força motora, comprovada com a
extensão do nosso circuito nesses dez anos de viagens, intercâmbios, aplausos,
vivências, quilômetros, plateias e bagagens. Os projetos que celebram os dez
anos da Pequena Companhia de Teatro são exemplos manifestos do aqui posto.
8 comentários:
Devemos continuar remando contra a maré?
Sempre!
É isso mesmo: a postura na hora de elaborar e fazer circular o pensamento que muda (nem que seja uma pessoa) o olhar para a arte. Avante na estrada, Pequena Cia de Teatro. Falta chão para emponderar ainda. E parabéns pelos 10 anos!
É isso mesmo: a postura na hora de elaborar e fazer circular o pensamento que muda (nem que seja uma pessoa) o olhar para a arte. Avante na estrada, Pequena Cia de Teatro. Falta chão para emponderar ainda. E parabéns pelos 10 anos!
Chão para enpoderar! É isso, Unknown. O importante é caminhar!
Eu conheço esse (a) "Unknown" :)
O poder público conhece muito bem o poder da Arte. Por isso tanto empenho em nos reduzir a pó. "Caminante, no hay camino. Se hace camino al andar". Pequena Companhia, seguindo!
Rosa, você por aqui é sempre uma delícia!
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