Temos
o desejo de criar um encontro teatral de caráter intimista, que selecione sete
companhias brasileiras para uma vivência de uma semana, envolvendo apresentações
de espetáculos, atividades formativas, debates após as apresentações,
celebração, produção escrita de críticas e conteúdos teóricos, permuta de
livros e materiais relacionados, e um fórum informal de discussão permanente.
O
eixo curatorial da mostra seria o diálogo entre a experiência cênica
selecionada e a particularidade do espaço cênico disponibilizado, a sede da
Pequena Companhia de Teatro – um prédio de três pavimentos localizado no centro
histórico de São Luís. A particularidade se daria pelo fato da sede oferecer,
além de uma sala multiuso, com capacidade entre 50 e 100 espectadores
(dependendo da configuração da encenação), diversos outros espaços: um pátio, um
salão colonial, uma residência, um banheiro de 21m², um amplo camarim, uma varanda,
onze sacadas, escadaria etc.
A
ideia seria apresentar para a comunidade uma mostra orgânica, onde a espacialidade
e o espetáculo estivessem em harmonia, dando ao espectador aquela sensação de
que o espetáculo só poderia ser encenado ali; como se a mostra e o espaço
respirassem juntos, tornando nossa sede um ponto de congruência de
criatividade, reflexão, intercâmbio e prazer.
Outra
particularidade da mostra seria a permanência das sete companhias durante todo
o evento. Na busca de recuperar o diálogo e o intercâmbio que foram perdidos na
maioria dos festivais e mostras de teatro da atualidade – afirmação sustentada
nos mais de quarenta eventos que participamos nos últimos anos –, a proposta
seria que os artistas permanecessem em constante contato, formatando um Fórum Informal
de Discussão Permanente, sem horário ou tema fixo – principal atividade de
produção de reflexão, promovida pelos provocadores, que poderiam ser os membros
da Pequena Companhia de Teatro ou convidados.
Como
eu disse, é só um desejo, uma ideia. Normalmente buscamos fazer que a ideia,
mesmo embrionária, seja bem organizada, porque nunca se sabe o momento em que a
vida vai nos demandar o próximo projeto. Nossa persistência caminha no ideário
de extrair, do prazer do nosso fazer, o nosso sustento, e para isso, brincamos
de imaginar o que gostaríamos de fazer. Esprememos nosso juízo buscando as
opções que o teatro nos oferece, tentando estabelecer uma visão estratégica que
garanta o nosso sonho. Às vezes nos falta o mecenas. Alguém se habilita?