A retomada das
nossas atividades, depois do recesso provocado pela copa do mundo, dar-se-á dia 21
de julho, com o início da temporada regular de Pai & Filho – pela primeira
vez na Sede da Pequena Companhia de Teatro. Com isso, a configuração espacial
do nosso teatro, área multiuso, sala de tortura, lugar de cena, ou qual alcunha
você queira dar ao salão onde você prestigiou o espetáculo Velhos caem do céu
como canivetes, mudará completamente – confirmando a versatilidade do espaço e
enchendo meu tempo com uma alegria incomum. O tema, e o trabalho que ele demanda,
são meus entretenimentos atuais. Entre um jogo e outro, ou com uma TV a
tiracolo, me divirto reconfigurando o ambiente. Subo as escadas e instalo uma
bambolina aqui, um cabo de aço acolá, uma corda ali, uma arquibancada lá, e o espaço
onde outrora caíra um velho ser alado vai se transformando no ambiente de um
pai enfurecido. O que propomos com a nossa sala de teatro é próximo à vivência
que tive na cidade de Catania – Itália, onde toda a estrutura técnica de maquinaria
(varas, contrapesos, cabos, cordas) foi herança vinda do mar, extraída da
experiência adquirida nas embarcações, quando o teatro, ao utilizar mão de obra
oriunda do porto, sem perceber, assimilava para si a expertise do homem do mar,
com suas cordas, nós, mastros, roldanas e força. No teatro Massimo Bellini,
apesar de ser um clássico teatro de ópera, não existe maquinaria fixa, e toda a
estrutura técnica é montada e remontada de acordo com a necessidade do
espetáculo que será apresentado. Atravessado o Atlântico, essa experiência fecunda
a proposta de uma sala forneada com as mesmas cordas, ganchos, roldanas e nós
que um dia conduziram os invasores da nossa Upaon-Açu. Você não vê,
nem repara, mas por trás de cada apresentação esconde-se um torvelinho de
fatores que tornam o teatro esse incomensurável ambiente de sensações. Mire e
veja.
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Um comentário:
As vísceras da cena! Merdra!
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