... o espetáculo VELHOS CAEM DO CÉU
COMO CANIVETES foi selecionado para o 21° Festival Nordestino de Teatro de
Guaramiranga? A Mostra Nordeste, que acontece de 06 a 13 de setembro, recebe
espetáculos de todos os estados nordestinos e a Pequena Companhia de
Teatro será a representante maranhense na edição de 2014. Apesar da recente
estreia, esta será a quinta participação do espetáculo em uma mostra ou
festival de teatro, que já totaliza vinte e oito apresentações.
segunda-feira, 30 de junho de 2014
domingo, 29 de junho de 2014
Estamos em pleno lar
A retomada das
nossas atividades, depois do recesso provocado pela copa do mundo, dar-se-á dia 21
de julho, com o início da temporada regular de Pai & Filho – pela primeira
vez na Sede da Pequena Companhia de Teatro. Com isso, a configuração espacial
do nosso teatro, área multiuso, sala de tortura, lugar de cena, ou qual alcunha
você queira dar ao salão onde você prestigiou o espetáculo Velhos caem do céu
como canivetes, mudará completamente – confirmando a versatilidade do espaço e
enchendo meu tempo com uma alegria incomum. O tema, e o trabalho que ele demanda,
são meus entretenimentos atuais. Entre um jogo e outro, ou com uma TV a
tiracolo, me divirto reconfigurando o ambiente. Subo as escadas e instalo uma
bambolina aqui, um cabo de aço acolá, uma corda ali, uma arquibancada lá, e o espaço
onde outrora caíra um velho ser alado vai se transformando no ambiente de um
pai enfurecido. O que propomos com a nossa sala de teatro é próximo à vivência
que tive na cidade de Catania – Itália, onde toda a estrutura técnica de maquinaria
(varas, contrapesos, cabos, cordas) foi herança vinda do mar, extraída da
experiência adquirida nas embarcações, quando o teatro, ao utilizar mão de obra
oriunda do porto, sem perceber, assimilava para si a expertise do homem do mar,
com suas cordas, nós, mastros, roldanas e força. No teatro Massimo Bellini,
apesar de ser um clássico teatro de ópera, não existe maquinaria fixa, e toda a
estrutura técnica é montada e remontada de acordo com a necessidade do
espetáculo que será apresentado. Atravessado o Atlântico, essa experiência fecunda
a proposta de uma sala forneada com as mesmas cordas, ganchos, roldanas e nós
que um dia conduziram os invasores da nossa Upaon-Açu. Você não vê,
nem repara, mas por trás de cada apresentação esconde-se um torvelinho de
fatores que tornam o teatro esse incomensurável ambiente de sensações. Mire e
veja.
domingo, 15 de junho de 2014
Teatro & Futebol
O futebol me abandonou, a arte não. No
início da década de noventa eu viajava para Araguaína/TO com uma caixa de
livros, entre eles a prosa completa de Borges – presente que me acompanha desde
1987 –, para dividir uma república com jogadores de um time de futebol cujo
nome minha memória se ocupou de não reter. Nesse então, morando em Balsas, era
atleta e artista simultaneamente, fazendo teatro, música e literatura, há
alguns anos. A rotina de artista, em Balsas, me fazia ensaiar até às quatro da
manhã. A mudança para uma rotina exclusivamente
atlética, em Araguaína, me fazia madrugar às cinco da manhã, para treinar. O
despertador escolhido pelos meus companheiros era um som sintonizado na rádio
local que gritava: eu não vou negar que sou louco por você! Acredite. Deixe
sair aquele sutil sorriso no canto da boca: sim, também tive o sonho de ser
jogador de futebol. Não me pergunte por que motivo, mas este era o meu
principal desejo. Não durou muito, ou seja, o teatro que faço é consequência do
meu maior fracasso. Recentemente, na plateia de Velhos caem do céu como canivetes, um espectador comentava: só conhecia você como o argentino,
cabeludo, bom de bola. Além de estufar meu peito, o fato serviu para confirmar
meus predicados futebolísticos para minha companheira – sempre reticente com
minhas possíveis fabulações sobre o passado. Sim, eu era bom. Considero-me melhor
jogador no passado do que sou encenador no presente – se isso quer dizer alguma
coisa. Por isso, não saberia apontar por que não sou um jogador aposentado.
Talvez a aleatoriedade defendida pelo Ser Humano, personagem do nosso último
espetáculo, seja a única maneira de explicar o encenador de hoje. A
aleatoriedade como que minha vida e trajetória foram constituídas é digna de
nota... O gordo prólogo que aqui escrevo só existe para tentar explicar a
sentença que motiva esta postagem: não acompanharia sessenta e quatro peças de
teatro em um mês de festival, mas assistirei aos sessenta e quatro jogos da
copa sem o menor constrangimento. Mas, como sou uma ficção, não dê muito
crédito às anedotas que constroem o roteiro da minha vida. Y dale!
sexta-feira, 13 de junho de 2014
Recesso
Do filme "Sonhos", de Kurosawa |
As apresentações estão suspensas. A realização da Copa do Mundo no Brasil sentencia que todos gostam de futebol. Não me espanta. Mês para produzir, pensar, refletir e executar ações adiadas há tempos. Planejamos o próximo semestre: volta de Pai & Filho à cena teatral ludovicense - oportunidade para alguns tantos assistirem a um outro espetáculo. Jorge C. tira a barba e eu a deixo crescer em meu rosto. Muda a energia, as personagens. Os atores são os mesmos; o espaço, não. Primeira vez de Pai & Filho na sede da Pequena. Tudo é muito recente este ano. Mudança de ciclo, amadurecimento, pesquisa. Tenho minhas inquietações e elas repercutem em meus sonhos; muitos sonhos, todos eles emblemáticos. Mesmo gostando de rotinas, a cada ano que passa eles têm se tornado atípicos. Para quem não curte surpresas, estou bem servido delas. Se me queixo? Aguardo o desenrolar das horas. Se sofro? Abraço todas as sensações que meu corpo experimenta.
quinta-feira, 5 de junho de 2014
Esse ator
Se eu sou um tipo, sou do tipo inquieto, e essa inquietude nunca é o suficiente. Buscar sempre, parece-me, é tarefa indistinta de formação: se estou vivo, busco. Contrário disso é a morte, em todas as suas possibilidades. Sempre tenho dúvidas sobre se a profissão do artista chega a ser privilégio ou maldição. Tenho dúvidas também se a minha angústia mais ajuda do que atrapalha. A exigência é desmedida, a ansiedade presente, os processos cíclicos. Não chega a ser um queixume. Os pensamentos evoluem para a palavra escrita. A palavra escrita é manifesto inconteste. Prevalece o dilema entre o de dentro e o de fora. Tudo é acúmulo com possibilidade de vir a ser descarte. Rasgar, colar, emendar, torcer, estirar. O corpo carece de morada e ao mesmo tempo ele é a própria morada. Habitar e ser habitado. O quê nos difere? O quê nos distancia? Assumir a minha unicidade não faz de mim um tolo. Talvez uma descrença tardia na minha incapacidade de recitar um teatro que desacredito como transformador. Quem me transforma? Quem me mobiliza? Esse todo bebo em partes.
Assinar:
Postagens (Atom)