sexta-feira, 30 de maio de 2014

V(ai)(er)dades e mentiras


Para compreendermos as coisas, estabelecemos parâmetros de comparação. Em nossa sociedade tudo é dual; forças antagônicas que nos fazem posicionar entre pois pontos equidistantes: bem e mal; claro e escuro; vida e morte; verdade e mentira.

O teatro envolve a ambos. É ficção, mas espelha sua diegese, suas dramaturgias, na realidade; tem que ser verossímil. 

Alguém disse uma vez que as verdades são ditas quando as pessoas que as ouvem, estão dispostas a ouvi-las. Traduzo como maturidade, a ponto de saber ouvir o que não se quer ouvir. O Teatro caminha por aí em duas vertentes, acho. Uma delas é sua forma e conteúdo que atraem ou repelem o espectador. Gostar ou não gostar tem a ver com esse princípio: não se convencem de que era uma verdade; não a compram como tal. Uma história mal contada. Uma mentira. Comumente queremos ouvir verdades; convencionou-se que as mentiras fazem mal. Então, mentir é ruim e não mentir é bom. E quando mentimos para nós mesmos quando comentamos sobre algo que achamos bom, sendo que achamos ruim? Mentiras contadas permanentemente, acabam se transformando em verdades. Daí minha conclusão que quando mentimos para os outros, também mentimos para nós mesmos. A necessidade de verdade no teatro não se restringe aos que estão em cena, mas também aos que espectam. A maturidade necessária para se ouvir a verdade é alicerce para o fortalecimento do movimento teatral num dado espaço e tempo. Quem faz teatro precisa ser criticado, precisa querer ouvir. Quem vê teatro precisa criticar, precisa ser autêntico e menos apaziguador. 

Desistir também é uma alternativa.

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