domingo, 30 de março de 2014

Telmah e o enfastiado


Retornei hoje de Mossoró, após assistir a estreia da Viagem aos Campos de Alfenim, espetáculo da querida Cia. A Máscara de Teatro. Como sempre, qualquer movimento que altere minha rotina provoca reflexões, que direi encontrar, prestigiar e conversar com amigos tão queridos. Há algum tempo decidi abandonar a condescendência. Como espectador, não serei mais aquele que pondera, que analisa, que justifica o injustificável. Quero ser arrebatado. Seja pela temática, pela estética, pelo desempenho, pela totalidade, ou até mesmo pela amizade, mas quero ser arrebatado. Quero ser removido do patético lugar que ocupo no mundo, e ser chacoalhado, seja por um beijo heroico, por um chute no traseiro, por um chiste embaraçoso ou pela inesperada despretensão de quem aponta na galinha e acerta o pavão. Desisto de buscar explicações ou elucubrar justificativas para tentar gostar daquilo que não gostei. Como espectador, não quero mais completar o trabalho do artista. Não quero remediar a ausência de potência de uma obra com um argumento intelectualmente preciso que cumpra apenas o papel de amenizar meu constrangimento com o insossado sabor do que vi. Não quero mais conviver com a dificuldade de admitir que não gostei. Não quero mais provar do meu próprio engodo reflexivo para amenizar minha culpa cristã por não ter gostado de um espetáculo. Deixo a razão para a ciência. Pela arte, quero ser arrebatado. Por que estou falando tudo isso? Anteontem, depois de um bom tempo, voltei a me emocionar ao ver um espetáculo. Não sei porque, nem me interessa, mas agradeço.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Abril de 2014



  • Dias 04 e 05, às 19h - Velhos caem do céu como canivetes - 9ª Semana do Teatro no Maranhão (espetáculo teatral).
  • Dia 07, às 19h - Velhos caem do céu como canivetes (espetáculo teatral).
  • Dias 08, 09 e 10 - O quê o meu corpo tem a dizer? (oficina).
  • Dia 14, às 19h - Velhos caem do céu como canivetes (espetáculo teatral).
  • Dia 15 - Do épico ao dramático: a transposição de gênero como instrumento de confecção de dramaturgia (oficina).
  • Dia 21, às 19h - Velhos caem do céu como canivetes (espetáculo teatral).
  • Dias 22, 23 e 24 - O Quadro de Antagônicos como instrumento de treinamento para o ator (oficina).
  • Dia 28, às 19h - Velhos caem do céu como canivetes (espetáculo teatral).
  • Dias 29 e 30 - O quê o meu corpo tem a dizer? (oficina).

IMPORTANTE:
  1. Toda a programação ocorrerá na sede da Pequena Companhia de Teatro (Rua do Giz, 295, Centro Histórico).
  2. A lotação está restrita a 50 (cinquenta) lugares.
  3. As atividades são gratuitas.
  4. Para agendamento de grupos, gentileza entrar em contato antecipadamente.
  5. Os interessados nas oficinas devem se inscrever antecipadamente aqui.
  6. As dúvidas devem ser sanadas através dos contatos: pequenacompanhiadeteatro@hotmail.com / (98) 3232-6054 / 8133-2172 / 8771-7085.

Como se inscrever?

A Pequena Companhia de Teatro está abrindo inscrições gratuitas para as suas oficinas de formação - uma das ações do projeto Teatralidades - graças ao Prêmio Myriam Muniz de Teatro da Funarte/Minc/Governo Federal, bem como do Programa BNB/BNDES de Cultura.


Serão 3 (três) oficinas, distribuídas em 12 (doze) turmas, em diferentes dias e horários, nos meses de abril, maio e junho, dentro da primeira etapa do projeto Teatralidades. Depois da Copa divulgaremos a segunda etapa.
 
Oficina A: Do épico ao dramático: a transposição de gênero como instrumento de confecção de dramaturgia (8h)
Oficina B: O quê o meu corpo tem a dizer? (9h)
Oficina C: O Quadro de Antagônicos como instrumento de treinamento para o ator (12h)
 

As inscrições deverão ser feitas, gratuitamente, através do preenchimento de um formulário que se encontra aqui. É importante colocar a disponibilidade de tempo para que os horários das turmas sejam confirmados. Assim, teremos oficinas acontecendo nos 03 (três) turnos, a depender a sua escolha.

Paralelo às oficinas de formação, nesta primeira etapa, também estaremos desenvolvendo: Apresentação do espetáculo Velhos caem do céu como canivetes, às segundas-feiras, às 19h e Leituras dramáticas com companhias de teatro residentes em São Luís, na última quinta-feira de cada mês (menos no mês da Copa), às 19h.

Na segunda etapa tem mais!

Qualquer dúvida, entre em contato:
(98) 3232-6054 / 8133-2172 / 8771-7085


quarta-feira, 19 de março de 2014

Segunda-feira


 
Dia 07 de abril  de 2014 começa a temporada regular de Velhos caem do céu como canivetes pelo projeto Teatralidades, contemplado com o Prêmio FUNARTE de Teatro Myriam Muniz. Isso. É uma segunda-feira. Durante as próximas dez segundas-feiras você terá a oportunidade de assistir ao novo espetáculo da Pequena Companhia de Teatro. Aproveite. Lembre que Pai & Filho já fez cento e nove apresentações e você ainda não viu. Não vá, depois, se arrepender e ficar nos inquirindo: quando é que vocês vão apresentar Velhos caem do céu como canivetes de novo? Você tem dez chances, até dia 09 de junho. — Ah!, mas eu queria ver Pai & Filho! Espere até o segundo semestre, por enquanto, Velhos Caem do Céu como Canivetes é o que tem, pra segunda. Por que segunda-feira? Porque qualquer dia da semana é uma excelente desculpa para não ir ao teatro. Terça não dá, é ímpar. Quarta é ruim, meio de semana, futebol. Quinta é véspera de fim de semana, contramão para teatro. Sexta é dia de balada. Sábado, rebolada. Domingo, praia. Segunda, ressaca. Como veem, qualquer dia é ruim se o programa for teatro, portanto, por que não na segunda? Detalhe: TODAS AS APRESENTAÇÕES SERÃO GRATUITAS. Bastará chegar na sede da Pequena Companhia de Teatro no dia de cada apresentação e pegar seu ingresso na hora. O espetáculo começará impreterivelmente às 19h. A partir deste projeto voltaremos com a nossa política iniciada com O Acompanhamento de começarmos as apresentações pontualmente. Não haverá tolerância. Por quê? Acreditamos que é uma maneira de contribuir com a formação de uma plateia mais atenta e delicada. O endereço você já sabe: Rua do Giz (Vinte e Oito de Julho), 295, Praia Grande. Então, vamos ao teatro?

domingo, 9 de março de 2014

De volta ao trabalho


Hoje é meu último dia de férias. Foram quatro meses e meio de ócio, com duas pequenas interrupções, uma em dezembro, para as apresentações de Velhos caem do céu como canivetes em Imperatriz, e outra em janeiro, para uma apresentação na Conexão Teatro. A extensão das férias foi diretamente proporcional ao ano de 2013, um ano intenso, violento e duro. Durante as férias voltei a dormir até uma da tarde – qualidade que pensava haver perdido e creditava à idade, quando o verdadeiro agente fora a exaustão –, fizemos, Katia e eu, algumas viagens, escrevi para vocês com certa regularidade, ordenei e faxinei casa, atelier, teatro (ainda me devo o bendito escritório/recepção), atualizei leituras, escrituras; um quadrimestre sabático.
 
Amanhã faremos nossa primeira reunião do ano e as novidades são muitas. O projeto Teatralidades, que recebeu o Prêmio FUNARTE de Teatro Myriam Muniz 2013, oferece muitas novidades para a rotina da Pequena Companhia de Teatro e, por consequência, para seus aficionados. O projeto prevê oito leituras dramáticas, e convidaremos companhias de teatro locais para realizarem-nas aqui na sede, momento de intercâmbio importante para nós, depois de passarmos os últimos anos um pouco distantes por exigência da agenda externa dos nossos espetáculos e oficinas. Outra atividade que servirá para oxigenar e emaranhar nossas relações artístico-afetivas será os dois seminários previstos – fóruns para discussões sobre teatro de grupo, crítica teatral e formação de plateia. Exercício experimentado em 2006 com O Acompanhamento, a Pequena Companhia voltará com temporada regular dos seus espetáculos na sede, hora de poder ver e rever "Pai & Filho" e "Velhos caem do céu como canivetes", além do espetáculo-solo de Cláudio, ainda por estrear – na sede da Pequena Companhia de Teatro haverá uma apresentação teatral por semana, esteja você ou não. Quer atividades de formação? Também tem. Tanto pelo Teatralidades quanto pelo projeto A ótica da Pequena, patrocinado pelo Programa BNB de Cultura. Ministraremos as oficinas O Quadro de Antagônicos como instrumento de treinamento para o ator, Do épico ao dramático: a transposição de gênero como instrumento de confecção de dramaturgia; O quê o meu corpo tem a dizer, e O elemento e a cena.
 
Essas muitas ações têm por objetivo aumentar a integração da Pequena Companhia de Teatro com a sua comunidade, consolidar nossa sede como espaço de aprimoramento teatral e estimular o diálogo entre nós e os outros. Pertencimento. Um emaranhado de atividades para acentuar o enredamento da Pequena Companhia de Teatro com a cidade. Um ano assim exige um descanso preventivo.

sábado, 1 de março de 2014

Uma pergunta


Quem acompanha o nosso blog sabe que frequentemente estamos publicando artigos sobre o Quadro de Antagônicos, que é o principal instrumento da nossa metodologia de trabalho, e sobre o qual tentamos teorizar a mais de uma dezena de anos. Contudo, alguns episódios recentes me trazem à reflexão que desenvolvo hoje e que espero me ajudem a aprofundar. O Prof. Ms. Abimaelson Santos publicou sua tese de mestrado onde um dos exemplos elucidários do seu objeto de estudo é a metodologia supracitada. A revista DRAO, publicada recentemente, contém um artigo de minha autoria que trata da mesma. De férias no Rio dei uma entrevista para a atriz Carlla Amorim para seu pré-projeto de mestrado que visa um aprofundamento mais intenso sobre o Quadro de Antagônicos. Esses três acontecimentos que muito nos honram, e nos levam a acreditar que o nosso fazer contribui para a análise dos caminhos percorridos pela investigação teatral maranhense, também me fazem indagar sobre o alcance e eficiência da teoria na busca de reproduzir uma prática. O que desenvolvo agora tem muito a ver com minha experiência primordial de leitura de livro técnico-teórico, narrada aqui. É possível descrever literalmente uma prática e dar cabo da captura do objeto, seus objetivos, metodologia e problemas? Sempre que li livros técnico-teóricos sem o auxílio de um mediador – mestre, autor, pesquisador, prático etc. – fiquei com a sensação de não chegar nem perto do postulado experimentado por seu criador quando do desenvolvimento de uma teoria a partir de uma experimentação prática. Entendem o que quero dizer? Na verdade, o que faço não é refletir, e sim, perguntar. A escrita pedagógica é capaz de traduzir um gesto, um aceno, um suspiro? Sei que a literatura consegue, e me delicio a cada descrição desenvolvida por cada um dos escritores que construíram meu imaginário literário, entretanto, pergunto: a escritura técnica pode dar cabo da análise objetiva de um objeto carregado de subjetividade como a arte? Continuo a semear indagações. Teoria e prática, eis a questão – uma dentre tantas que perturbam meu juízo.