domingo, 3 de fevereiro de 2013

Velhos caem do céu como canivetes


Começo a gostar dos caminhos despontados em Velhos caem do céu como canivetes. As recentes leituras feitas por Jorge, Cláudio, André e Lio vão auxiliando a tessitura da dramaturgia autoral.  O resultado já mostra uma desintoxicação em relação a Pai & Filho – primeiro grande desafio desta nova empreitada dramatológica. Outra dificuldade que se dilui é referente à sutil comicidade contida no conto que inspira a peça: preservar a agudeza do seu humor sem comprometer a potência dramática de temas como a dificuldade humana em lidar com as diferenças. Sim. Falei inspirar porque, a esta altura, a ideia de adaptação desaparece, e o texto preserva a gênese do conto para alçar seu próprio voo. Conteúdos que nos eram caros – como miséria, fé e exílio – se literatizaram. Não vejo a hora de começar os ensaios. O momento pregresso é de cinzenta incerteza. Nas mãos de Jorge e Claudio tudo fica mais encarnado: cor e carne. Só consigo entender o teatro no corpo dos atores e suas energias no tempo e no espaço. É que sou diretor. Escrever é menos colorido.