domingo, 4 de novembro de 2012

Pecado capital

Não sei se você sabe, mas, apesar da minha eterna lamúria, nosso blog é um sucesso, uma coisa impressionante (risos). Digo isso para entrar no tema. Há algum tempo postei sobre a elite econômia ludovicense, e me chamou atenção o quanto o assunto foi ignorado. É como se a postagem não tivesse existido, não fossem os comentários de três queridos amigos. Como sei? Claro que eu acompanho as visitas ao blog, as estatísticas, os seguidores, os comentários, sou o nosso maior fã (risos)! Isso me inquietou. Fiquei pensando se seria um sinal. Se a postagem era mesmo irrelevante, o autor um comunista, e o tema não se prestavam para o debate. Se nossa elite é uma ferrenha apreciadora de arte e eu moro na China. Se estaríamos reféns dela, impossibilitados de nos expressar. Se há subserviência porque precisamos do dindin. Se houve por parte do leitor um consentimento tácito. Qual é a nossa relação com o poder econômico? Quão corrompida está nossa produção artística? Qual é o nosso nível de comprometimento? Se a iniciativa privada não é apreciadora de arte como podemos esperar disposição do capital para investimentos em cultura? Vale ressalvar as ações culturais do SESC, mas, lembremos que também há recursos públicos envolvidos. De que me servem leis de renúncia fiscal municipal e estadual se o empresariado maranhense não sabe a diferença entre performance, happening e intervenção urbana? [Não se assuste, nem eu sei direito (risos)] O único instrumento que o artista tem para combater o alienamento provocado pela indiferença com que o capital trata a cultura é o enfrentamento. Estejamos atentos, vigilantes, para sabermos avaliar o quanto da nossa integridade artística está comprometida. E quem fala aqui não é nenhum comedor de criancinhas (risos).
 

Um comentário:

Hamilton disse...

Houve uma época e um lugar em que a elite econômica (monopólio do dinheiro) era também a elite política (do poder) e cultural (do conhecimento). Mas essa coincidência ocorreu faz tempo e bem longe daqui.... No entanto, herdamos esse modo de pensar elites a partir desse papel social "clássico", uma só elite detentora de um mix de monopólios... Pode ser. Mas, hoje em dia, não em todo lugar. Estou entendendo que em muitos lugares as elites se especializam. Cada uma na sua mas em interação constante, de acordo com as conveniências a cada conjuntura...
Mas, já ia esquecendo que aqui (Brasil, Maranhão, São Luís) é um dos grandes redutos das elites agrárias no mundo (e não preciso me alongar muito sobre isso né)...
Aquele senhor de bigode espesso contradiz meu argumento, mostra que em nossa ilha ainda dá pra tirar daqui e por ali: poeta, político e patrão! Ele mesmo já nos explicou de viva voz. Escrever livros, ter cadeira de imortal, supermercados,shoppings centers, construtoras e meios de comunicação, tudo isso é importante para o ofício político.
Estou pensando: e se nossa nova "elite cultural" estiver se construindo assim mesmo, apartada da velha "elite política"? E quem será essa nova elite econômica": os donos e diretores de usinas termoelétricas, de mineradoras? Os donos de supermercados? De revendedoras de carros? Os herdeiros das fazendas, donos de frigoríficos? Juristas positivistas? E como os empreendedores da arte (nossa elite cultural) vão negociar com essa elite econômica?