domingo, 2 de setembro de 2012

Olho no livro


Levei um soco da tese de doutorado do amigo Gilberto Freire de Santana. Injusto, pois eu já lera o escrito. Um soco. Literalmente. O livro caiu de cima da estante direto no meu olho. Inchou. O soco metafórico aconteceu bem antes, enquanto lia cada capítulo que o autor me mandava em doses homeopáticas. Dentre as coisas que mais gosto de fazer na vida estão: ler e pensar. Logo, o fato não passou despercebido. Fiquei me questionando: não estaria na hora de toda a literatura impressa do mundo se rebelar contra os homens? Se cada livro que você deixa, por anos, estacionado em uma prateleira, esperando uma leitura, se arremessasse ferozmente contra o seu corpo, talvez ele tivesse uma chance. Na primeira vez, poderia parecer acidente. Na segunda, você duvidaria. Na terceira, correria de casa assustado ou pararia para lhe dar a devida atenção. Não consigo mensurar o quanto a vida pode ser insuportável sem uma boa leitura. Por que o mundo se distancia do livro? Hoje sei quem são os culpados. Eles. Os livros! Sua passividade, paciência, perseverança. Eles esperam, e só. Deveriam se rebelar! Pular das estantes! Perseguir seus leitores! Uma revolução livreira! A antiga revolução silenciosa provocada pela abertura de um livro – revolução que tanto transformou este mundo – não funciona mais! Cabe aos livros arregimentar seus leitores na marra! Portanto, se você passar por uma estante repleta de publicações e permanecer imune, mantenha distância. Um livro pode querer a sua atenção, e a consequência pode ser um olho roxo.

3 comentários:

Luis Mello Neves disse...

Caro Flexa, essa revolução dos livros já teve início aqui em casa há muito tempo. E é cada tipo. Tem deles que vai pra cama comigo, acho que com medo das histórias de outros da mesma prateleira... Tem uns que, talvez por inveja ou revolta de ter sido preterido, saem empurrando os outros, e de manhã vou encontrá-los jogados pelo chão! Tem os calorentos e tem os exibidos! Tem uns novinhos que pedem atenção toda hora; tem os mais velhos, com suas fragilidades e conselhos. Tem os invejados, tem os que ninguém quer. Tem os que mudam com o tempo. Alguns que são pura fama! Os mal-educados, literalmente falando. Tem os difíceis, os inesquecíveis. Tem os bons e os ruins. E pior tipo deles, os infiéis, que se mandam pra estante de minha filha. Livro é pior que gente... (LMN)

Marcelo Flecha disse...

Salve, Luís! Que alegria ler um comentário seu, hilário!! É a revolução! Nos vemos pelos supermercados de sempre...

Giba disse...

Meu grande amigo-irmão, estou tragado por uma alegria infinda. Ainda bem que minha tese serviu para algo, e o seu texto-reflexão-indignação é o maior presente por tê-la escrito. Risos maiores não poderiam haver.Beijões livrescos.