domingo, 1 de julho de 2012

Viver de teatro, morrer de fome.

foto de André Lucap

Semana passada recebemos a querida visita dos Clowns de Shakespeare, que nos brindaram com o seu Ricardo III. Inevitavelmente, a passagem de um grupo como esse, desperta questionamentos que dificilmente se responderão em uma postagem. Quando olhamos para os Clowns, a relação de exceção à regra é inevitável. Depois de finalizada a segunda etapa do Palco Giratório, impressionou-me o pequeno número de companhias que garantem seu sustento através do teatro. Pensava ser uma realidade exclusivamente maranhense, contudo, foi difícil identificar grupos em que seus membros não dependessem de outras profissões para se sustentar. No mapeamento realizado pelo próprio Yamamoto no nordeste, em 2009, creio que apenas três companhias diziam se sustentar exclusivamente de teatro. É um sintoma nacional e só encontrará solução através de políticas públicas. Em longo prazo, o plano nacional de cultura é o caminho. Entretanto, a solução está em olhar o país como um todo e o cidadão como único. O teatro depende do cidadão. Este, sem educação e cultura, jamais poderá discernir entre Medeia & mídia, antissemita & cimento, anódina & adedonha, somático & sorumbático. É o cidadão que deve ser alimentado e não as estatísticas. Educação e cultura. Se o espectador não reconhecer no teatro a corporificação da sua própria história de nada servirão companhias vivendo de teatro para plateias vazias...

Você deve estar se perguntando por que reclamo tanto, se a Pequena vive ou sobrevive de teatro e Pai & Filho já passou dos seis mil espectadores – para um espetáculo que comporta em média cinquenta pessoas, não é pouca coisa. Não sei. Apenas mantenho o meu direito de questionar, me indignar e buscar caminhos para que o teatro conserve o seu poder transformador... Pensando bem, alguém pode me explicar por que reclamo tanto? Acho que minha ranhetice me diverte.

6 comentários:

Anônimo disse...

Saudade grande! Bora comer macarronada e tomar vinho? Se não te diverte a tua ranhetice, pelo menos a mim sim! Bjo

Marcelo Flecha disse...

Onde é que você anda, cabôco! Vamos marcar, sumido!

Sandro Fortes disse...

Numa terra de tantos acomodados é bom ser ranheta, e incomodar os caretas. Os incomodados que se retirem!

TonySilvaAtriz disse...

Adoro a sua ranhetice,faz por que sabe fazer.O que voce acha, só fazendo o espetáculos é suficiente para que o povo entenda a nossa forma de gritar. e proximação com eles nos bairros, nas escolas,nos becos,e vielas "é preciso ir aonde o povo está"Já decantava Milton Nascimento.Com certeza que essa temporada trouxe para a pequena companhia uma larga experiencia e uma amadurecimento muito grande .Cuidado pra amadurecer demais e apodrecer.KKKKKKKKKKK Beijo grande,Saudades Muitas.snif,snifsnif...buá,buá.....

André Lucap disse...

Queremos créditos :)

Giba disse...

Meu caro amigo,como profissional da educação que sou, sinceramente, não vislumbro grandes possibilidades. O interesse da grande maioria dos universitários (não só de Imperatriz) se resume em ter um canudo (como possibilidade de um emprego) ou quando não, um título que serve para se esparramar nas citações de teóricos e demonstrar o quanto está "antenado" com os "conhecimentos" ditos de ponta. De resto, continuo sendo professor, e vou continuar a ser, mesmo quando uma bala na agulha provoque tentações.