sábado, 16 de junho de 2012

Arte & perfumaria


A verdadeira arte não abre concessões. Não negocia. É intransigente. Para conseguir esse estágio de excelência é necessário um profissionalismo engajado. Disciplina, rigor, pontualidade, seriedade, comprometimento. Teoricamente, uma obra de arte deveria ser avaliada pelo seu resultado artístico e, em alguns casos, pelos caminhos até o parto. Infelizmente a realidade nem sempre é essa. Vinculado à arte, e em um círculo vicioso, estão os conchavos, as amizades, a competência das curadorias, as simpatias, as manipulações, os críticos e seus interesses, a mídia, os mecanismos de coação, os alinhamentos ideológicos, as gratidões, o policiamento comportamental, as negociatas, as relações de poder, os despropósitos dos que detêm esse poder, e nem sempre a projeção de uma obra está relacionada com a sua qualidade artística. Ontem, hoje e sempre. É um problema basilar. Origina-se na forma como nos relacionamos com a arte: nunca me interessou saber se Nelson Rodrigues era reacionário ou se Wilde um dândi. No momento da fruição isso não me preocupa. Não me importa saber se o autor é gente boa. Seja no teatro ou na literatura. Na música ou nas artes visuais. Estou cansando de ouvir elogios para os amigos e críticas para os desafetos. A arte exige e merece respeito. Respeitemos. Estou sendo obtuso?
Viva Dalton Trevisan!

6 comentários:

celia dino disse...

de forma alguma esta sendo obtuso. texto que só revela a verdade.

JOSUÉ REDENTOR disse...

A OBRA DE ARTE É ALGO DE DIFÍCIL ESCALA DE CLASSIFICAR.OS CRITÉRIOS SÃO VÁRIOS,MAS SÃO MISTERIOSOS QUANTO A OBRA.OS AVALIADORES DA FRUIÇÃO MAIS MISTERIOSOS AINDA.QUE ELEMENTOS COMPÕEM MESMO UMA OBRA DE ARTE?SUOR,DEDICAÇÃO,RIGOR É SÓ UMA PEQUENA PORCENTAGEM. A ARTE PARA SE TORNAR OBRA DE ARTE PRECISA SE SUBMETER AO TUDO E AO TODO.

Marcelo Flecha disse...

Salve, Celia, Josué! Os comentários de vocês trazem à minha mente a imagem dos nossos papos, que, por sinal, estão bem atrasados! Vamos atualizá-los logo! Saudades!

Cléo Júnior disse...

Não Marcelo. As vezes eu me pergunto onde estão os outros que pensam como eu ? Fico feliz quando vejo gente fazendo ARTE.

Sandro Fortes disse...

Criticar gente viva e atuante na arte é difícil porque tanto criticados quanto críticos tendem a levar as coisas pro lado pessoal. As vezes tudo vira uma briga de panelinhas culturais. Quem esquece os arranca-rabos na Folha entre Caetano Veloso e Paulo Francis, só para ficarmos num exemplo? E quando o Diogo Mainardi criticou um romance do José Sarney, na Veja? Os puxa-sacos daqui, do jornal dos Sarneys, caíram de xingamentos e insinuações sobre a vida sexual do jornalista. Coisas elegantes assim fazem repensar o que é a "crítica" na nossa imprensa e que papel ela exerce (defender o poder local e seus asseclas).

Marcelo Flecha disse...

Sandro, a sua atitude despretenciosas de iniciar uma avaliação crítica das obras literárias que surgirem na ilha já é um exelente começo para uma mudança! Estou curioso para ver os resultados...e Cléo, que bom ver você por aqui!