sexta-feira, 13 de abril de 2012

Subestimar e superestimar

Duas qualidades muito difíceis de lidar. Por um lado é recorrente subestimar a quantidade e qualidade do público em/de teatro. Por outro, é audível a verbalização de atores que, ao afagarem seus egos, superestimam suas habilidades no palco. Quando refletimos acerca disso, percebemos o quanto nosso senso de realidade é relativizado. A problematização aponta para a variabilidade de conceitos a partir da perspectiva de que realidade equivale a verdade, e ambas não são absolutas. Há espaço para a abstração não na forma, mas na recepção. Isso ocorre, principalmente, quando a realidade coletivizada - parto da premissa da vida em comum, algo que une as pessoas num tempo e espaço, na forma de cultivo, de culto... - inexiste para aqueles que circulam, que se distanciam dos seus pares, do seu microcosmo. Tenho 1.76 de altura. No Maranhão sou considerado alto; em São Paulo, não. 

O corpo tem memória, há a recuperação de informações importantes para a composição da personagem em cada apresentação, mas ele também é falho, caduca, fica doente. O teatro deve se proteger dessas armadilhas. Elas existem e nos fazem pessoas menos corretas, mais arrogantes. Teatro tem o dever de aproximar as pessoas, numa espécie de recuperação do rito. Na contemporaneidade a distância entre os seres já é enormemente grandiosa. Não carece de reforço.




Um comentário:

Giba disse...

Mesmo sem a necessidade de reforçar, é inevitável não se pensar sobre e concordar plenamente com o que foi pensado/dito.