domingo, 4 de março de 2012

Por que viajamos?


Dona de um caráter entranhadamente provinciano, nossa cidade (leia-se: poder público, privado, fomentadores, mecenas e afins) não percebe a necessidade de que suas atividades artísticas dialoguem com o restante do país, circulando com suas obras, discutindo conceitos, participando de debates, oficinas, seminários, mostras, exposições, festivais etc. Esse intercâmbio contribui para o fortalecimento do movimento artístico local, para a reverberação das suas experiências particulares e para a capitalização das consequências socioculturais na cidade geradora desses dizeres.

Não se repensa nossa realidade sem conhecer outras. Não se muda um estado se o estado de consciência da classe provocadora está amordaçado por não conhecer o mundo. Não se revelará vida pulsante nas obras artísticas locais sem construir referenciais e parâmetros que mostrem as reais condições da nossa produção cultural. Precisamos ver o mundo.

A pequena companhia de teatro tem um olho aqui e outro acolá, atenta para não ficar estrábica. A peleja para empurrar o horizonte e abrir fronteiras além do nosso umbigo nos clareou caminhos e nos fez perceber que o centro do mundo e a periferia estão muito mais relacionados ao ponto de onde você olha do que à localização geográfica.

Abrir caminhos para o diálogo entre a produção artística maranhense e a do restante do país favorece o aumento de qualidade das obras de arte e contribui para a reconstrução de uma classe artística mais atenta, mais contestadora, mais reveladora e mais consciente do seu papel transformador.

Um comentário:

Hamilton disse...

É isso Marcelo... precisamos ver o mundo. Desenvolver um ponto de vista. E, observar, é ser observado. Pé na estrada Pequena Companhia!