segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Dormir

O que é dormir? É o fim? É o começo? O sono sempre me intrigou. Sempre me acompanhou. A pequena morte. Dormir sem sonhar é morrer por um instante. Abandonar-se ao abismo da não existência. O alívio absoluto do ser, antes do não ser. Só saberia morrer dormindo. A passagem tranquila da breve morte para a morte eterna. Riobaldo, no Grande Sertão, diz: “dormi mortalmente”. Brás Cubas, nas suas memórias póstumas, diz: “preferi dormir, que é um modo interino de morrer”. Sargento Getúlio diz: “Morrer é como que dormir e dormindo é quando a gente termina as consumições, por isso é que a gente sempre quer dormir”. Mas, Zaqueu, personagem de Entre Laços, alerta: “Dormir não é a mesma coisa que morrer”. E não é. Quando, em Pai & Filho, este diz – vou dormir, prenuncia-se que tudo recomeçará como antes. Quando abrimos os olhos tudo recomeça, tudo retorna, tudo continua, tudo permanece, tudo existe. O sono nos revigora e nos faz seguir existindo. Insistindo. A ressaca provocada pela falta de sono é o aviso de que não morremos o bastante. O sono profundo é a morte em vida, o alívio da existência, o fugaz desaparecimento, a glória da mente em branco, o não sentir, o não padecer, porque existir dói... Hoje estou feliz, e logo conhecerão o motivo.

4 comentários:

Anônimo disse...

Um amigo insistia em dormir para viver o sonho... disse que tentava continuar o sonho da noite anterior... uma rotina do sonho, um cotidiano onírico... como é que era isso, pegava dali, do ponto de onde tinha acordado na manhã anterior, e ia em frente? re-sonhando? É quase como nadar, nadar, nadar, quando chegar na praia sair do mar, entrar na piscina e nadar, nadar, nadar... e nada de mente em branco. Que fôlego!

Hamilton disse...

Um amigo insistia em dormir para viver o sonho... disse que tentava continuar o sonho da noite anterior... uma rotina do sonho, um cotidiano onírico... como é que era isso, pegava dali, do ponto de onde tinha acordado na manhã anterior, e ia em frente? re-sonhando? É quase como nadar, nadar, nadar, quando chegar na praia sair do mar, entrar na piscina e nadar, nadar, nadar... e nada de mente em branco. Que fôlego

Marcelo Flecha disse...

Você faz falta! Na nossa realidade! Sempre há um cálice de vinho lhe esperando...

Cordão de Teatro disse...

Morrer..., dormir... dormir... Talvez sonhar... (Hamlet)

Bj.

Xico Cruz.