quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Pai & Filho em Belém

Pai & Filho será apresentado em Belém, no teatro Cuíra (Riachuelo com 1º de Março - Campina), nos dias 06 (sessão às 19 e 21h) e dia 07 (sessão às 19h) de janeiro de 2012. Serão três apresentações, gratuitas, dentro do projeto aprovado pela FUNARTE/Minc/Governo Federal (Myriam Muniz). 
Quer ler um texto acerca do teatro Cuíra e do bairro Campina? O título é: Quando o Cuíra acordou a zona. Clica aqui.

Deixe que digam, que pensem, que falem - 10

O jornal Vias de Fato fez uma retrospectiva na esfera cultural, em São Luís, do ano de 2011. A Pequena Cia. foi lembrada pelo Alberto Júnior - radialista e crítico musical. Diz ele: "No difícil campo das artes cênicas, a Pequena Companhia de Teatro, a Santa Ignorância Cia. de Teatro e o talento do dramaturgo Igor Nascimento não deixaram eu me acomodar na confortável resignação de fruir de espetáculos simples. Foram geniais!"
Para ler mais, clique aqui.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Ano novo, de novo.


Em janeiro concluiremos o Myriam Muniz: Belém, Ananindeua, Parnaíba, Palmas e Porto Nacional, em três jornadas. Na bagagem, o já definido calendário de Pai & Filho no Palco Giratório, que inicia em abril e visitará trinta cidades brasileiras – em breve aqui. Hoje recebemos o convite para representar o Maranhão no VI Festival BNB de Artes Cênicas, em março. E o melhor presente de natal de todos: achamos a caixa de esgoto! (uma piada interna). O natal foi feliz e a prosperidade do ano novo se avizinha. Como esta é minha última postagem do ano, deixo minha admiração à paciência do leitor de Canterville que nos acompanhou durante o ano. Pequeno, você foi um grande!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Antagônico da leveza

Minha experiência com a leveza é contraditória. Por um lado, o enraizamento se esvai, já que o vetor da terra diminui em intensidade para que o vetor do céu seja mais presente. Com isso, o equilíbrio fica precário. Para que a estabilidade se efetive, comumente é utilizado o antagônico da velocidade (como andar de bicicleta ou passar por uma pinguela). Pode-se fazer um paralelo com uma pena ou pluma. Quanto mais veloz for, mais tempo ficará no ar. Quando perde velocidade, a atração da gravidade fará com que pouse no chão. Com o corpo humano ocorre parecido, pois quanto mais velozes estivermos, menos contato com o chão teremos. Há uma alternativa também, que coincide com essa sentença: elevar um pouco os pés, com os calcanhares descolados do chão um milímetro, a ponto de passar uma folha de papel. Essa instabilidade dará a sensação de leveza. 
Outro aspecto que consigo perceber - e aí está a contradição - é que, quanto mais estivermos enraizados, mais teremos controle do corpo, e com isso viabilizar a sensação de leveza, como se estivéssemos pisando em ovos. Ainda não utilizei esse antagônico nas personagens representadas. Em nível de treinamento sei que há contaminadores expressivos, pois a leveza navega contra a gravidade.

domingo, 18 de dezembro de 2011

O Teatro Polidramático – tese inaugural


A postagem de hoje vai entediá-lo – é minha obrigação avisar. Estou versando sobre o Teatro Polidramático. O que é? Nem eu sei direito ainda, no entanto, para melhor entender o nosso fazer, venho refletindo e analisando a presença das outras dramaturgias nos nossos processos e sua relação de interferência com a dramaturgia do ator – centro da nossa pesquisa. Nosso manifesto, postulado original da companhia, já abordava o fato quando dizia não desprezar outras, apenas utilizá-las como instrumentos em benefício do dizer do ator.

Quando cunhamos o termo “Teatro Polidramático”, não foi tentando nomenclaturar, enformar ou formatar nosso fazer, é apenas uma necessidade de compreensão, a busca de um entendimento claro para o desenvolvimento da nossa investigação.

Em uma reunião informal (a maioria das nossas são) Jorge insistia na revisão da dramaturgia do ator como centro. Em outra, Cláudio sugeria uma revisita aos diários de montagens para decupar de maneira mais sistemática se efetivamente a dramaturgia do ator está no centro. Revisão preliminar feita. Penso que está. Estar no centro não significa estar sozinha. O que se percebe é que a centralidade da dramaturgia do ator não anula todos os outros instrumentos discursivos utilizados na construção da dramaturgia final das nossas encenações.

Nós partimos de três dramaturgias capitais: a do ator, do autor e do encenador. Sendo que a do ator é central e essas outras duas circundam esta. Como as três têm grande poder de discurso, há uma relação de interferência viva em sentido recíproco.

As dramaturgias auxiliares – encontradas na maneira dramatúrgica como utilizamos a cenografia, a iluminação, a sonoplastia, a espacialidade etc. – variam em intensidade dependendo da encenação. Têm maior poder polisêmico (roubo a palavra da linguística para usá-la no sentido filosófico) e multissensório, menor capacidade de discurso, mas creio que a ingerência em relação à dramaturgia do ator é menor que às dramaturgias capitais. A do ator sim interfere nelas e reconduz sentidos e sensações. (caso queira, dê uma lida no capítulo A Leitura Transversal, de Demarcy, no livro Semiologia do Teatro, organizado por J. Guinsburg e outros, pela Perspectiva. Não tem a ver, mas tem.)

Podemos dizer que nosso “Teatro Polidramático” tem por características a integração de dramaturgias, sendo que todas são convergentes à do ator; e sua pluralidade favorece a interface entre discurso, sensação e sentido. Refletindo um pouco, esse teatro tem o ator como centro catalisador de dizer. Sua dramaturgia catalisa todas as outras, por isso o “poli”. O termo “dramático” – que no sentido etimológico melhor seria “dramatológico” ou “dramatúrgico” – permanece por uma referência intencionalmente jocosa ao termo pós-dramático.

É claro que esta pretensiosa brincadeira teórica não deve ser levada a sério, até porque, é apenas uma reflexão preliminar que busca a melhor compreensão do nosso fazer. No “Diagrama do Teatro Polidramático” abaixo, tudo fica mais confuso (risos). Divirta-se, se puder.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

É ladrão de homem

Trauma

Já falei de clowns aqui e aqui. Acho que o assassinei. Quase um natimorto. Depois de Luis Casali e Fernando Vieira, acho que vou forçar um pouco mais a barra, agora com Ciléia Biaggioli. Por que algumas coisas não se efetivam? Birra? Vou pelo avesso, pela porta de trás ou arrombar a única janela que existe naquela casa sem teto, sem paredes, sem penico. Só uma janela em uma casa tardia. É que penso que há um espaço, uma lacuna, na vida de qualquer ator digno, a eterna busca de uma completude que não existe. Ser palhaço é formalizar um outro estado em seu corpo, é dar a ele uma oportunidade de percepção outra além dos treinamentos que determinam seu ritmar enquanto profissional, como deixar de comer aquilo que comumente ingere. 
Preciso de um prato com fezes

É uma angústia que me acompanha (sou um ser angustiado, sempre) e que preciso minimizar. Assim, tentativa e erro, um acerto e um equívoco. Se for melhor de três, estou tentado a pagar para ver - literalmente. Quem sabe assim, as ruas de São Luís voltem a ver esse reles-ator-medíocre mais uma vez nas praças, mostrando a cara para levar uma tortada além da virtualidade ou do conforto de um espaço coberto.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Sim, senhor!

Como o caro e assíduo leitor sabe, estamos caminhando para a próxima encenação da pequena. Em Santa Inês fizemos uma das reuniões sobre o assunto e tudo indica que a montagem será mesmo “Velhos Caem do Céu como Canivetes”, inspirada no conto “Um señor muy viejo com unas alas enormes”, de Gabriel García Márquez. No cardápio do nosso dizer, a discussão sobre as diferenças, a miséria, o exílio, a fé... Uma degustação temática. No meu caso, o fato é sempre conflituoso. Sempre que terminamos um espetáculo penso que minha criatividade esgotou. Meu lento raciocínio reforça o abismo e duvido da minha capacidade criadora. É a sensação da folha em branco. Penso que o todo criativo que possuía ficara depositado em Pai & Filho. Foi assim com O Acompanhamento, O Último Discurso, Medeia, O Santo Inquérito, Entrelaços, Ramanda e Rudá, Deus Danado, Marat-Sade... sempre foi assim (risos).
É uma angústia desafiadora. Um vazio fecundo. Uma ansiedade pacífica. Uma desorientação travosa. Uma dúvida ardida. Um deserto venturoso. Um auto-retrato sem rosto. Um rito de passagem assaz dolorido e assustador. Quando um fazer se esgota? Quem nos avisa? Como percebemos? Onde estaremos quando isso acontecer? O calendário de 2012 não nos permite fechar uma agenda de montagem, principalmente por causa do Palco Giratório e do projeto do SEBRAE, mas, certamente, estaremos em processo. Circunstancialmente mais lento do que o processo de Pai & Filho, contudo, em 2012 velhos cairão do céu como canivetes. Como será?

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

It's not my job

Preguiça é uma ótima palavra. Individualidade também. Foco, idem.

Há alguns dias estou a pensar e refletir sobre muita coisa, sobre o foco na minha profissão, na minha vida enquanto cidadão. Não são excludentes, mas acabamos por definir prioridades que afetam os vários lados da moeda... e do ovo. Até segunda-feira próxima passada estava envolvido com projetos a serem encaminhados para o BNB. Comumente estamos viajando, em detrimento do aprovado no Myriam Muniz. Ano que vem tem Palco Giratório. Viajar relaciona-se com prioridades na difusão da sua arte. Então, qualquer atividade que exista em sua cidade de origem, deixará de ser apreciada por você: reuniões, atividades de formação, mobilização, discussão política... Qual é o bem comum e qual é o bem individual? Dá para dissociar? Como é que anda nossa reflexão quanto a nossa contribuição para o movimento (entendo movimento como algo ou alguém que tenha as propriedades de se movimentar) qualquer que seja ele, desde o desmatamento da amazônia até o asfaltamento da minha rua, do meu bairro? O que nos pertine e o que não? 
Lembro que em Imperatriz, o Conselho da mulher não aceita homens. Será que o movimento de teatro de rua aceita grupos/pessoas que agilizam seu trabalho em palco italiano? E por que os editais são independentes? Como um coletivo se estabelece se não a partir do trabalho/mobilização dos indivíduos? Por onde andam as andorinhas? A época das chuvas se avizinha.