domingo, 27 de novembro de 2011

Teorização & Obra

Volto ao tema da postagem Teoria & Prática, mudando o foco. Assim como a teoria deveria estar a reboque da prática, a teorização deveria estar a reboque da obra. Não está. Falo de nós, da nossa aldeia, do nosso teatro. Tenho ouvido diversas explanações sobre processos, teorizações dos próprios artistas sobre suas obras, mesmo antes destas serem levadas a público. Percebam que escrevi teorização “sobre” e não teorização “para”: como se a obra tivesse relevância para estudo antes mesmo de estrear. A obra precisa existir para poder ser analisada. É necessário identificar sua importância para poder ser discutida, estudada. Não somos nós, artistas, que decidimos isso. Precisamos teorizar “para” poder construir a obra, é delirante teorizar “sobre” a obra, antes da sua existência para o público. Quem julgará a relevância da obra e, por consequência, da pesquisa, é o espectador, o crítico, o teórico, o escambau – não sejamos nós. Não nos defendamos, não nos elogiemos, para não parecermos pretensiosos ou infantis. A obra fala por nós. Façamos. O reconhecimento é mera consequência.

5 comentários:

Giba disse...

Escrevi e não consegui publicar no comentário anterior. Aí vai...
Eu que felizmente (ou infelizmente, rsrsrsrs) literalmente lido com a teoria (e não acho isso nenhuma desfaçatez), só tenho uma coisa a reafirmar: quanto mais ela (a arte) se distanciar da teoria ou afrontá-la, mais ela será. Aos teóricos resta não achar que o que produz é mais importante que uma obra de arte. Aliás, ela (a teoria e suas possibilidades) só existe porque ainda (mesmo em tempos pós-modernosos) existe a arte. Discordo de qualquer equilíbrio. A arte é SEMPRE ALÉM e a teoria sempre ficará AQUÉM. Discordo quando afirmam que a arte necessita de embasamento. Ela precisa existir e quando o é, aí sim pode dar embasamento aos teóricos (e não só a eles). Enfim, o excesso de teorias tem justificado (e muito) 'belas porcarias' que se autodenominam como obras artísticas. No mais... continuo rogando para ver uma obra de arte e não uma prentensa tesí(art)stica.

Giba disse...

Amigão, concordo plenamente com você. Como (para os teóricos) não somos lá grandes coisas, uso um dos artíficio mais utilizados por eles (os teóricos) e recorro ao nosso grande poeta Mario Quintana para apimentar esta questão: "Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro." Um beijão e muitas saudades.

Gabriel Arcanjo disse...

O QUE PENSAS E SENTES AINDA NÃO É POESIA (CARLOS DRUMMOND0)

Luciana Duarte disse...

Chato, nunca! Você está certo, façamos! Reconhecimento para quem? Amo e estou com muita saudade e parabéns atrasado pelo projeto do pro cultura. Muito feliz por vocês e nós continuaremos tentando, outros. Lembrança a todos e muitos beijinhos.

Marcelo Flecha disse...

É Palco Giratório, não prócultura... rssrsrr