domingo, 6 de novembro de 2011

Teoria & Prática


A 6ª Mostra SESC Guajajara de Artes e o Encontro de Pesquisadores em Teatro no Maranhão emprenharam esta postagem. Participei de duas mesas redondas e de um encontro entre grupos, onde se estabeleceram discussões das mais diversas, umas pertinentes outras não. Mas um fato me causou curiosidade: como a teoria está se distanciando da prática.
Peça de teatro é obra de arte, ou deveria ser. Livro de teoria teatral é pretensa ciência. Não podemos querer transformar o teórico no artista, nem torná-lo mais importante do que a própria obra de arte. A teoria deverá estar sempre a reboque da prática teatral, porque é a prática criadora que dá moldes à obra e motes ao teórico. Digo isto porque percebo que há, em São Luís, tanta gente pesquisando, estudando, teorizando, ensinando, mas, quando esses estudos precisam se refletir na obra, a maioria dos resultados é desinteressante e a qualidade é pífia. Eu disse a maioria, não a totalidade. Cadê as obras de arte?

Essas obras, normalmente, são acompanhadas por um encarte com um discurso teórico retumbante, mas a prática é tão distante da teoria que o espectador fica sempre com a punga atrás da Ofélia. Não se trata aqui de desprezar as contribuições teóricas que o teatro vem desenvolvendo no decorrer dos anos – nós também adoramos teorizar (risos) – ao contrário, é colocar essa produção a serviço da arte, da obra de arte. Já falei um pouco disso
aqui e aqui.
Gozos do ofício: praticar, fazer, exercitar, ensaiar, treinar, experimentar, repetir, apresentar, construir, e também pesquisar e estudar, muito! Precisamos fazer mais e falar menos. Um ator ou um encenador não se constrói dos discursos que profere, ele se afirma a partir da obra com a qual se apresenta. Isso. É a obra que apresenta o artista... é sempre mais do mesmo: ler o prefácio do Retrato de Dorian Gray e rir das nossas pretensões. Menos discurso e mais ação. Menos teoria e mais prática. Ou pelo menos meio a meio... disse o teórico.

6 comentários:

Desertos disse...

O ideial seria as duas caminhando juntas. A senhora Teoria de mãos dadas com a senhorita Prática!
Com direito a tudo que uma relação íntima se permite: "Tapas e beijos"
Uma estimulando a outra...
uma questionando a outra...
uma dando sentido a outra...
O perigoso é achar que a Teoria
da conta de tudo
ou que a Prática
da conta de tudo
e assim esquecermos "os sentidos"

(se é que existe algum)

Mas isso pouco importa.

O importante é ter uma direção!

Anônimo disse...

Na verdade, eu nem acredito nessa divisão: teoria e prática. Acho que assim se condensaria e facilitaria muito mais as coisas. Bastaria primar por um trabalho (em seu sentido mais físico - de força) sempre reflexivo e sempre autoquestionador, como disse a Flávia aí em cima. Seria massa, sempre. Grande abraço, Marcelo (Não vi limão) Flexa.

Luciana Duarte disse...

Distanciamento provoca uma fragmentação, uma busca solitária... Cumplicidade é fundamental para que a evolução, mudança, o primor (lembra?)seja quem sabe alcançado (precisamos acreditar!) Você é e sempre será pelos tempos, atempos (se é que existe) meu querido e amado professor! Saudade e beijo para todos!

Luciana Duarte disse...

Sim, Limão? Só de foi pela água na boca provocada pelo querer degustar mais!

Marcelo Flecha disse...

É, meus caros, o equilíbrio criador!

Gabriel Arcanjo disse...

Teoria e pratica estão sempre juntas, a teoria também é uma pratica, pois precisa ser elaborada através da observação, da reflexão, etc. e a pratica necessita de embasamento, algo que a justifique e que lhe dê consistência, ambas necessitam de uma ação muito precisa e existe um diálogo entre estas duas práticas