sexta-feira, 26 de agosto de 2011

A aceitação de estranhos

Não preciso de ninguém, sou autosuficiente, quero ter minha independência. O teatro me demonstrou o contrário. Vaia de bêbado não vale, já dizia o dissonante Tom Zé. Aplausos de amigos também não. Sobram-nos os desconhecidos, os estranhos às vistas. Desses preciso de acolhimento, já que nesses casos sinto-me como um corpo estranho no ninho/útero. 
Oficina em Teresina

Quero saber como estou no palco, e os aplausos não me satisfazem por completo. Nem palavras elogiosas. Elas não funcionam para a necessidade de aceitação que preciso. Ir além do que as próprias asas limitam. Há uma dor em se sentir no vazio, distante de algo que ainda não sei ao certo - reconhecimento pelo trabalho que desenvolvo ou por mera carência.

Primeira apresentação em Teresina


Espero a aproximação daqueles que me olham à distância. Sei que deixamos marcas naqueles que nos observam, nos tocam, são acariciados por nós - qualquer tipo de carinho é possível, é provável. Quero dizer que eu também sou marcado por aqueles que somente espectam. A energia se desloca no espaço, modula a minha em cena. Depois de cada sessão, nunca sou o mesmo que a principiou. O quarto do hotel é um excelente abrigo.