domingo, 10 de julho de 2011

A personagem

(Ainda sobre a dramaturgia do ator.)

Uma personagem é muito mais que uma estrutura física codificada para a ação. É uma composição de energias que decorre da fisicidade impressa pelo ator no processo de construção. Essa composição vai solidificando o perfil, a aura, a imagem da personagem. Enxerga-se a personagem na vida que ela emana e não no texto que verbaliza ou na forma que a caracteriza. Nossa busca está em dar vida a seres críveis mesmo apresentados em formatos incríveis. Suas estruturas físicas devem conter a funcionalidade necessária para sua existência, sem cair na virtuose como simples muleta. A estranheza que buscamos tenta deslocar o olhar do espectador para além do simples encontro, ampliando as deformidades do ser. Esse ser é sua essência. Essa caminhada caracteriza a pequena companhia e ajuda a conceituar sua principal dramaturgia, a do ator.

2 comentários:

Anônimo disse...

Não sei, Marcelo, se é possível dissociar vida do verbo (ou não-verbo/silêncio). Às vezes penso, então, se se do verbo não se faz realmente a carne e assim infinitamente reverso. Será? (aprendo contigo). Hahaha

Marcelo Flecha disse...

Eis a questão! srsrsr