sábado, 12 de março de 2011

O dom de me iludir

Sempre me dou o direito de experienciar situações, quaisquer que sejam elas. Ainda tenho a capacidade de me surpreender.

Túmulo do casal Brecht-Weil no cemitério Dorotheestadt de Berlim

Faço teatro, e acredito que preciso ver outros atuando também. Aqui em Imperatriz é quase impraticável. Anteontem eu soube de um grupo evangélico (sic)  que há 10 anos se apresenta com esse espetáculo teatral. Decidi prestigiar... filantropia... Acabei dentro de um culto, e tudo era irritantemente evangélico, com o objetivo de catequisar, converter, demonizar. Fiquei até o final para ver até onde eu suportaria. A proposta, segundo eles mesmos, era brechtiana. Havia demônio, Cristo, prostituta, drogada (só fumava maconha, a coitada... o demônio liberou um pouco de heroína na veia, mas não me convenceu), um evangélico questionável, uma mendiga e um casal que se dizia briguento. A direção era do ator que interpretava o demônio. Um problema recorrente a do diretor que atua. Brecht se contorceu no túmulo. Eu me retorci no banco. O ator/diretor parou o espetáculo e fez um aparte, confessando emocionado ter-se convertido  de sua homossexualidade.

Resumo da ópera: morar em Imperatriz equivale a um purgatório sem fim, onde você pode ver as pessoas calmamente se utilizarem das artes equivocadamente. 

5 comentários:

Marcelo Flecha disse...

Meu deus(rs)! Se não fosse você contando eu juraria que era mentira! E o aparte da conversão então? É inverosímil!

Cláudio Marconcine disse...

pois é, meu amigo... tire-me daqui urgentemente...

JeyzonLeonardo disse...

(risos) que coisa. e eu pensei que Negra era uma experiência de puro exorcismo teatral. por aqui ( Mossoró) quero ver tudo, ate o possível "ruim".

grande abraço
visite-nos

CAIRO MORAIS disse...

... O blog dos artista que respiram o ar da ilha francesa (quase holandesa). Gostei Cláudio do segundo parágrafo quando você fala do Maranhão." (quando uso aspas quero ser irônico)

Danielle Almeida disse...

Poxa!!! Fiquei imaginando essas cenas e acabei rindo dessa situação, mas na vida e principalmente no teatro temos que ver de tudo, né??? kkkk!!! Mas tudo é relativo...É filosofia pura... Talvez essa tenha sido a forma de encarar a vida e arte que essas pessoas tiveram, consequentemente não conseguiram entender o pensamento brechtiano.

Gosto bastante dos textos e comentários desse blog.

Abraços,

Dani Almeida