quinta-feira, 31 de março de 2011

Pequena Festa



O espetáculo Pai & Filho foi selecionado para a mostra oficial do 53º FESTA – Festival Santista de Teatro, que será realizado entre os dias 15 e 23 de abril, em Santos, no litoral de São Paulo.

O festival é o mais antigo em atividade no Brasil. Criado em 1958, por Patrícia Galvão, a Pagu, o FESTA colocou Santos na vanguarda do teatro nacional. O tema desta edição, “Respeitável Público”, foi escolhido para enfatizar a interação popular com as produções teatrais selecionadas. “Queremos que o público santista e da região venha ao FESTA, que sinta o festival como seu, identificando-se com o que queremos acrescentar à cidade”, diz o coordenador geral do FESTA 53, Leandro Taveira. Mostras paralelas, exposições, mesas-redondas e oficinas gratuitas também farão parte da programação, entre outras ações para envolver o público.

Portanto, a pequena companhia de teatro está no FESTA e de festa, com a oportunidade de apresentar Pai & Filho em outra mostra nacional e poder continuar dialogando com a produção de outros estados do país. O ano promete!

P.S.: A companhia parabeniza a iniciativa da promoção Pague Quanto Quiser.

domingo, 27 de março de 2011

Artistas em decomposição

Não tenho problemas com o envelhecimento. Fui jogador de futebol, soube o que é ser velho aos 27 anos. Assim, sei lidar com fim de carreira, vetustez precoce, restrições psicomotoras, desprezo dos habilitados – coisinhas como a dificuldade de coçar as costas naquela interseção entre a mão esquerda e a direita. Cláudio tem tratado do assunto do ponto de vista do ator e suas limitações físicas aqui e em outras postagens que o caro leitor poderá pacientemente procurar. Eu sempre apostei no cérebro sem lembrar que também envelhece. As personagens do texto “Dois”, publicado recentemente, defendem a hipótese no trecho abaixo: HOMEM – Devíamos ter nos dedicado ao cérebro. MULHER – Como? HOMEM – Intelecto, pensadores não envelhecem... MULHER – Faz sentido. HOMEM – Claro que faz! MULHER – Um intelectual de oitenta anos é um homem respeitado... HOMEM – ... uma atriz de sessenta é uma velha em fim de carreira! Na posição de encenador – apesar de conduzir as encenações fisicamente – sempre me imaginei resguardado e propenso à longevidade, pelo fato da atividade estar relacionada ao exercício intelectual. Porém, quantos espetáculos totalmente envelhecidos estreiam anualmente, independentemente da idade cronológica do encenador? Ou seja, caros atores, de fato, a velhice é absurdamente democrática e não poupa ninguém. O que nos cabe apenas é saber envelhecer... ou esperar pela dádiva – o exemplo do kazuo Ohno serve para nos confortar, física e intelectualmente (risos).

quinta-feira, 24 de março de 2011

A inutilidade da vida

Foto de Igor Ruben

Ao teatro poderia ser atribuído um certo desejo de morte. Pulverizar o tempo, negar o espaço. Limbo, lugar de desapego e desamparo. Existe o outro, mas é você quem determina essa distância, esse limite. Teatro, dizem, é geografia de partilha. Sei disso. Porém, a sensação do espírito é outra, não posso negar. 

Quando o espetáculo se encerra, a energia, inevitavelmente, será modulada para baixo. É sempre assim. Não há glamour nenhum em perceber-se esquálido e fétido depois de um dia de trabalho. Tudo é igual depois de um banho. Aliás, quase tudo. Há satisfação também na morte em vida que se processa cotidianamente.

Facebook

Agora, a Pequena Companhia de Teatro está no Facebook. Para adicionar, clique aqui.
Esperamos estar construindo uma rede de informação com amigos, parceiros, colaboradores e público. Agora só falta o nosso sítio.

terça-feira, 22 de março de 2011

Canal de vídeos no YouTube

A Pequena Companhia de Teatro está com um canal de vídeos no YouTube. Para acessá-lo, clique aqui.

Estaremos, durante o ano de 2011, postando o material em vídeo existente em acervo e os registros que ainda estão por vir. Este é o canal!

domingo, 20 de março de 2011

Rumo certo

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Santa Inês. Belém e Marabá. Parnaíba. Araguaína e Palmas. Fortaleza, Sobral, Mossoró e Natal. Timon e Teresina. Doze cidades, dois atores, uma produtora, um diretor e, agora, una Fiesta. Pai & Filho está prestes a cair na estrada para executar o projeto de circulação contemplado com o Prêmio Myriam Muniz 2010.
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Circular com um espetáculo é o desejo final de qualquer companhia, e, por consequência, de qualquer artista de teatro. No meu caso – já tive oportunidade de circular os quatro cantos do país – a novidade será a independência no transporte de carga. Nosso veículo transportará os quatro membros da companhia e os cenários, gerando uma praticidade que até agora nunca experimentei. Só a tranquilidade de não ter que torcer para que o cenário chegue a tempo já é uma vitória. Lembro de uma apresentação do balé “Terra Basilis”, em Brasília, quando dois caminhões tombaram na estrada, um de cenários, vindo de São Luís, e outro de iluminação vindo de São Paulo. Eu era o responsável pela montagem – imaginem a aflição – mas tudo correu bem. Agora, como estamos acoplando um reboque ao carro, esperamos menos sobressaltos.


Fico torcendo para que a felicidade dos meus pares seja tão intensa quanto a minha: viajar, montar, apresentar, oferecer oficinas, debater, desmontar, jantar, rir, dormir, acordar, dirigir, é tudo o que quero(emos). Nossa sorte é refém do nosso trabalho. Nosso trabalho é refém do nosso desejo. Nosso desejo é refém da sorte.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Sic

Gilberto F., vulgo "gordo", dia desses, perguntou sobre minha querela (sic) com a academia. Eu não me lembro o que disse a ele assim de pronto, mas analiso rasteiramente, e gosto de dizer isto, que a academia é um espaço privilegiado de discussão. Não que eu me excite com referenciais teóricos, mas a prática deve ser analisada às vistas deles. É que assim a angústia é minimizada e a identificação - dizem necessária para que a gente se encaixe ou se negue a fazê-lo - inevitavelmente, se efetiva.

Eu tenho algumas inquietações e uma delas é o que motiva a não sustentação do teatro per si (sic) enquanto campo de pesquisa para a academia. Acho tão estranho isso.... é como se a gente não se entendesse, e que o teatro fosse tão inócuo a ponto de não ser esclarecedor em sua essência (sic).

Teatro é vida que pulsa dentro e fora das áreas de encenação. Mesmo com o corpo andante parado, inerte, o fogo incendeia o corpo pensante.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Twitter

A Pequena Companhia de Teatro agora está no Twitter. Diariamente estaremos postando alguma notícia relacionada à cultura (principalmente teatro), aos afazeres da Companhia e de seus membros. Quem quiser nos seguir e ser seguido, é só assoviar: Pequena C. de Teatro (PequenaCTeatro).
Ele vai funcionar como se fosse um diário para quando estivermos em viagem, principalmente na circulação Norte/Nordeste que se avizinha e em possíveis festivais, já que poderemos postar por celular. 

domingo, 13 de março de 2011

Grotowski à milanesa

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Blog é que nem tamagotchi, se não alimentar morre. E não adianta encher ele de porcarias, uma alimentação saudável é fundamental para o seu desenvolvimento. O nosso tem alimentação balanceada à base de teatro, apesar de pensar neste espaço sem engessamento ou receita. Não necessariamente falamos de teatro. E sempre falamos. É que a arte está em tudo o que nos cerca e o teatro é o liquidificador desse entorno, por isso, gerar restrições num blog sobre teatro seria indigesto. Normalmente este faminto blog recebe comida duas vezes por semana – eu disse normalmente. Às quinta é Cláudio que o alimenta e aos domingos eu. As guloseimas ficam a cargo dos comentários de amigos que insistem em permanecer fiéis ao compromisso de não me largar sozinho aqui – neste caso falo por mim, apesar de não crer que Cláudio se farte sozinho. Sobre Jorge e Katia já falei antes aqui. Para mim, alimentar este blog tem sido um exercício extremamente conflituoso. Uma reeducação alimentar que depende de disciplina, paciência e dedicação, apesar de nem sempre termos o que pôr na mesa. Às vezes a congestão vem com a leitura do texto que escrevi na semana anterior. Principalmente se, pretensioso, quero preparar algum banquete. Quando tempero com umas pitadas de humor, quase sempre fico rindo sozinho. É que, como gourmet, sou melhor escritor e, como escritor, sou melhor gourmet. Hoje, por exemplo, a comida está ralada... Desempenho melhor papel como leitor e comensal.
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sábado, 12 de março de 2011

O dom de me iludir

Sempre me dou o direito de experienciar situações, quaisquer que sejam elas. Ainda tenho a capacidade de me surpreender.

Túmulo do casal Brecht-Weil no cemitério Dorotheestadt de Berlim

Faço teatro, e acredito que preciso ver outros atuando também. Aqui em Imperatriz é quase impraticável. Anteontem eu soube de um grupo evangélico (sic)  que há 10 anos se apresenta com esse espetáculo teatral. Decidi prestigiar... filantropia... Acabei dentro de um culto, e tudo era irritantemente evangélico, com o objetivo de catequisar, converter, demonizar. Fiquei até o final para ver até onde eu suportaria. A proposta, segundo eles mesmos, era brechtiana. Havia demônio, Cristo, prostituta, drogada (só fumava maconha, a coitada... o demônio liberou um pouco de heroína na veia, mas não me convenceu), um evangélico questionável, uma mendiga e um casal que se dizia briguento. A direção era do ator que interpretava o demônio. Um problema recorrente a do diretor que atua. Brecht se contorceu no túmulo. Eu me retorci no banco. O ator/diretor parou o espetáculo e fez um aparte, confessando emocionado ter-se convertido  de sua homossexualidade.

Resumo da ópera: morar em Imperatriz equivale a um purgatório sem fim, onde você pode ver as pessoas calmamente se utilizarem das artes equivocadamente. 

sexta-feira, 4 de março de 2011

O corpo que se esgota

Devemos esgotar o corpo como referência para a cena. Ao menos o corpo físico do ator. O tempo se encarrega de fazer com que ele perca a flexibilidade, a ligeireza, o frescor, as pregas do cu. O teatro não se esgota com o tempo. Se altera. O ator também deve fazer isso. Viver é fazer múltiplas escolhas, e não uma única. Assim, as verdades são criadas e postas para o diálogo com outras tantas. Da mesma forma que existem muitas verdades, existem muitos teatros, e devem discutir os seus fazeres tanto para afirmar quanto para negar, ou poluir, ou assassinar regras. 

Arte de Ana Holck

Houve um tempo em que eu condenava. Agora, me penitencio. O amanhã não existe até que se principie.