quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

E mesmo sendo um to(lo)do, sou em partes

Quando um ator alcança sua plenitude em estado de representação? Individualmente, tem papeis que me satisfazem, verdadeiramente. Diretor satisfeito e público convencido, também fortalecem a primeira acertiva, mesmo sabendo que existem verdades e verdades, perspectivas e perspectivas. Sei de toda essa história que fazem com que a gente nunca tenha uma crença sólida e profunda sobre algo. Sempre tem os senões. 
Ciclos como a vida, os papeis atribuídos pelo diretor têm princípio e fim, quando termina-se, definitivamente, a carreira da peça, do espetáculo. Alguma coisa fica com o ator e com seu público. Dia desses, no supermercado, um empacotador lembrou de Urubus e Pérolas. Eu me lembro dos espetáculos que fiz. Não sei a data de nascimento de minha mãe e nem o de falecimento de meu pai. Se pensarmos em níveis de importância, o espectador deverá ser uma espécie de termômetro para a insatisfação. Não a ausência dele, mas sim a sua presença consistente. Espectadores e espectadores. Quero ter os meus. Quero ter a todos eles como amigos, que são convidados a entrar em minha casa, a sentarem no chão e conversar sobre a vida. Quero essas pessoas completas para que juntos, possamos nos sentir incompletas gentes, em um espaço que jamais vai ser preenchido. Vazios não são faltas. Não faltam espectadores, mas sim espectadores. Teatro existe, o que não existe é teatro. 

E assim, um tolo escreve em partes.

Um comentário:

Elizandra disse...

Adorei! espectadores e espectadores! Teatro e teatro! Bjs!