quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Eu, eu mesmo...

A improvisação, quer como espaço mental, método ou instrumento, reforça a ideia de efêmero existente no teatro enquanto teatro-vida. E a esse teatro é impossível dissociar o ator-encenador, enquanto artista responsável pela estética proposta e o espectador-atuante, num espaço teatral diferente dos teatros com palco italiano, em que as sensações são os detonadores da espontaneidade, que por conseqüência, leitmotiv para a improvisação. 


O homem, com suas inquietações, não poderá obter respostas, se não percorrer um caminho, tendo condições ou não, de consegui-las, pois o importante, para diminuir as inquietações, é caminhar, puro e simplesmente; movimentar-se. Seu duplo será eficaz nessa procura, nesse processo. É ele quem refletirá suas angústias, o provocador de atitudes, mesmo que elas sejam a recusa, o desvio do olhar. Não há condições, na contemporaneidade, de desistir do outro, pois que, desistir do outro é desistir de si. 

O teatro-vida precisa do espectador, mas não aquele que, vicariamente, se realiza através da catarse. E esse processo é, também, referenciado no ator. Então, na mudança de postura e de atitude frente às inquietações é que se fará um espetáculo teatral de ator, em que o espaço teatral aciona o espectador-atuante para viver.

Hoje, no teatro que faço, incorporo isso. E isso é bom, mesmo eu não sendo um cristão.

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