segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Diários, semanários, mensários, anuários...

por Kafka
por Kafka
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Como Brecht e Cairo, há alguns anos trabalho com diários. Utilizo este instrumento para pautar minhas ações. Toda atividade artística é acompanhada por apontamentos, relações, observações, rotinas – manuscritos que geram um banco de dados para posterior consulta. Entre esses escritos é inevitável que escapem alguns pensamentos... Colhi três que aqui transcrevo:

“... Poupo meus não filhos do conflito com o paterno, com a fúria do ser descendente. Poupo meus não filhos da dor de nunca se ser sem ser imagem e semelhança. Poupo meus não filhos de terem que se esquivar de si na busca da perfeição prometida. Poupo meus não filhos de viver.”

“... Entre lados estou seco. Paredes de solidão. Só batem à porta os deuses. Os semideuses invadem as moradas dos mortais fazendo a festa dos pecadores. Solitário, esfrego minhas mãos à espera. Gotas pingam em gotas. Entre elas as luzes se entendem. Eu não entendo. Desvio a vela e sopro para outro norte mais desnorteado do que outrora. Desapareço de mim e fim. O fim é. Na esfera do absoluto tudo está contido. Em mim, o ser, não é.”

“... Ultimamente tenho a impressão de que todas as retas estão tortas. Minha visão entrega sinuosidade em qualquer estrutura linear. Vejo as curvas tortuosas de toda régua construída para alinhar. As linhas dos cadernos parecem leitos de rios onde minha caneta navega tentando não colidir com as margens...”

Dias
08 de novembro e 12 de dezembro transcrevi outros. E assim vão passando os dias, os meses, os anos... dia 07 de janeiro se aproxima... aguardem novidades... e não guardem segredos.

5 comentários:

CAIRO MORAIS disse...

cadê os créditos para o desenho do Kafka? e eu também escrevo em diários.

Marcelo Flecha disse...

Bem lembrado Cairo, obrigado.

XICO CRUZ disse...

Preciso aprender a poupar meus não filhos e a escrever mais. dia 7.

Elizandra disse...

Querido,eu tbm tenho diários.São tantas agendas e cadernos.Impressões de diferentes epocas de minha vida. bjs

Marcelo Flecha disse...

Eles sempre nos surpreendem quando os revisitamos...