segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Poema em prosa

Permitam-me uma liberdade poética. É que, como vocês sabem, estou em plena crise, motivada pela edição iminente do livro – duvidando do teor fundamental que justifique sua publicação. Esta permanente e angustiante sensação em relação ao meu fazer artístico já foi capturada anteriormente em palavras que agora transcrevo:

Projeto gráfico de Raquel Noronha

“Qual o destino deste ser-cérebro achacado pela incerteza do haver? Dúvidas desatadas, infernais – de trilhos tortos, e escuridões cruas – multifurcam a reta orientadora. O livro – o filme – a peça – a música, a dor do dizer sem saber ler – ver – fazer – ouvir. Tudo de uma só vez. Torpor, no redemoinho da luz, soca o futuro no saco do passado e nada mais é. Sortes, coincidências e esperas conduzem o meio homem à falência e o (des)norte "carnifica" o desespero do desconhecimento. Sabedor do nada, conhecedor de coisa alguma, fazedor de vazios camuflados: o não ser é o ser de quem não é. Apelativos trocadilhos, no jogo da falta, desviam a impossível transformação das agonias mentais em obras. A obra sempre aniquila a crueza do dizer; vilipendia, maltrata, adorna e consagra a estupidez da inconsistência. Seria só uma desatenção da lógica e o fato havido. Mas, com a implacável custódia, o médio prevalece para motorizar nossa repetição e vitalizar a dissimulada dor da incompetência. Sobra o fim, e, de tão distante, não sobra nada.”

5 comentários:

Unknown disse...

nossa...quero muito ler!!!!!!!!!!!!!!!!

Desertos disse...

to muito curiosa pra ler essa obra reunida!!
Que suas palavras voem para longe!!!!

Anônimo disse...

Só pela sua dúvida já tenho vontade de ler e você sabe disso. Abraço, hombre.

XICO CRUZ disse...

Adoro dúvidas e incertezas, mas as vezes elas nos enchem o saco. Bom, é claro que quero esse livro pra mim... Obrigado por ter a coragem de publica-lo. beijos.

Anônimo disse...

Publicar um livro não deixa de ser um ato mutilador... mas aí não se sabe se o pedaço de carne que saiu foi o pior ou será o melhor... puta angústia essa hein!? Deixemos os outros, que degustarão, dizerem.