quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O corpo e as situações de descontrução

Ouço, desde que nasci, que o ator em cena deve esconder-se, sumir, para que o corpo criativo, da personagem, possa ocupar seu espaço, como se o corpo do ator deixasse de existir. Desde criança, também,  contam-me que os espectadores são sempre passivos, sentados em suas poltronas reclináveis, como se não fosse dado a eles qualquer opção de alteração de estado. Outro mito. 

Dependendo da situação, o corpo vai se construindo, se reconstruindo e se desconstruindo. Ator e expectador estão, não são. Por isso, esse processo é permanente, os estados se alteram. E mesmo que o ator desconstrua seu corpo cotidiano, formatando um outro, esse outro vai também estar em processo, sempre. Buscamos uma certa estabilidade na vida, em tudo o que nos predispomos a fazer, sem levarmos em conta que as coisas se reformulam, se alternam e alteram a elas mesmas e aos que estão ao redor. Tudo está aberto - menos eu.

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