domingo, 24 de outubro de 2010

Reflexões de um escritor solitário


Estamos comemorando a chegada do septuagésimo primeiro seguidor! Sim, é meu primo, já falei disso aqui (risos). Também vão mais de cem postagens no ano. Me pergunto se vale a pena. Dividido ao meio – Cláudio escreveu a outra metade – são cinquenta e uma postagem, treze mil palavras... contei, no Word. Sou homem de teatro, “as gentes” sempre estão lá – ora muitas ora poucas. A vida de textos é mais solitária. Vazia. Masturbatória. Desenho o(a) leitor(a) no cérebro. Alta, moreno, gorda, pálido e de olhos cerrados... Desenho de novo. E novamente o(a) leitor(a) não lê. Deve ser o tema: quem, em sã consciência, pausa para ler sobre teatro? E o insano que escreve sobre, que planeta habita? Se ver é chato, quanto mais ler. Vocês devem se perguntar: e os seguidores? Não me iludo com isso. São setenta seguidores e dois ou três leitores encabeçados pelo meu fiel leitor de Canterville. Ser estranho esse nosso ser que sabe e insiste. Levanto a questão porque se fez presente este ano. Nunca tive relação com leitor algum. Escrevo dede 1986 e jamais publiquei um livro: tenho uma dezena de livros de poemas, alguns textos de teatro, uma dúzia de crônicas, ensaios, teorização sobe teatro, mas, nenhum volume viu uma editora de perto. Poucos leram o que escrevi. Nunca me interessei em publicar... ou sempre temi o contato com esse leitor. De repente 2010 chega e me vejo escrevendo para um blog e prestes a lançar uma dramaturgia reunida. Agora o leitor se torna um ser verdadeiro... verdadeiro fantasma a pairar sobre as ideias que transcrevo do meu cérebro. Como cheguei a isto? É o que estou me perguntando agora, enquanto escrevo minha 52ª postagem. Plagiando minha querida amiga Flávia Teixeira: Tem alguém aí?

8 comentários:

Cláudio Marconcine disse...

eu sempre lerei suas coisas, ingrato! e não venha me dizer que eu não conto. e meus anos de análise?

Anônimo disse...

Bah! Tá aqui um leitor, Marcelo. Cláudio não te perdoou. Mas eu entendo a tua pergunta. Tenho blog desde 2003 e me pergunto se haveria alguém a ler. Sempre há. Hoje, eu nem sigo o blog, mas leio sempre que posso. Acesso duas a três vezes por semana. Gosto muito de conhecer um pouco mais sobre o teatro, até porque não tenho uma formação na área, contudo vezemquando sou a obrigado a escrever sobre. Tenho aqui leituras melhores que em muitas revistas culturais e isso me alegra. Saber dos teus escritos guardados me lembra Pessoa. O JOsué Montello dizia em seus diários que Machado de Assis começou escrevendo para quatro ou cinco leitores que ele sabia e tornou-se quem é. Acho que o caminho é esse. Devo ter meia dúzia de leitores diários e a eles devo respeito. Acho que foi isso que o Cláudio cobrou, eheehehe. ABraços Marcelo, força ombre. Vamos lá. Aguardo o lançamento das peças.

Anônimo disse...

Esse sou obrigado soou tão profissional. Gosto muito de teatro, vale ressaltar e gosto de debates e diálogos. Apesar da tendência a ouvir ser sempre maior. Abraço!t

André Lucap disse...

às vezes faço leitura dinâmica. bjs.

XICO CRUZ disse...

Nem sei o que dizer, fico querendo reler novamente pra comentar melhor, fico tão encomodado comigo mesmo como leitor, sigo esse blog e é um dos poucos que gosto de ler, leio esse e o do Gerald thomas, isso quando ele não escreve em ingles. Sou seleto mesmo, ler Marcelo é fundamental. Beijos de mim.

Cláudio Marconcine disse...

eu também leio o diário do andré... até parece uma troca de gentilezas, mas não é. leitura, para mim, qualquer que seja ela, tem que ser prazerosa. ofício a gente falta.

Iuri Petrus disse...

Talvez seja interessante a possibilidade de fantasmas nos lendo e nós apenas os imaginando.
Estou aqui!

Desertos disse...

eu estou!
Com um intervalo grande de "aparecimento"! Mas estou por aqui.
é o único blog que leio!
Tem me dito muito respeito.