sábado, 28 de agosto de 2010

Palavras finais

Foto de Fernando Martinez
Distante da produção brasileira, principalmente paulistana – a última vez que estive em contato com ela foi na temporada de Deus Danando no SESC Paulista em 2008 – confesso que nada me arrebatou. Não é uma crítica ao festival, é uma observação sobre a "safra atual" – expressão cunhada, ou pelo menos aplicada por um dos curadores do FENTEPP, Sidnei Martins, no debate de hoje à tarde sobre Crítica e Curadoria. Vi espetáculos muito bons, mas aquela sensação de habitar o fim do mundo e comprovar a qualidade da produção no centro do mundo – só escorrego na ironia porque é pertinente para boa compreensão do comentário – não aconteceu. Espetáculos corretos, alguns divertidos, uns contundentes, outros um tanto quanto óbvios, alguns pesquisados, outros mal amanhados, mas nenhum me arrebatou como, em outras ocasiões, O cantil arrebatou Jorge ou Till arrebatou Gilberto ou... sobre Cláudio prefiro não arriscar. Eu costumava ser arrebatado pelos poucos espetáculos que visitavam a cidade de Balsas em meados dos anos 80 (risos). Tudo era novo. Hoje tudo está velho. Ontem vi a disputa entre tradição e modernidade (grosseiramente falando): Gardênia x Cartas do paraíso. Pro incrível que pareça a tradição ganhou de goleada. Mas ainda é pouco. Por que atualmente o cinema brasileiro está tão à frente do teatro? Posso citar um numero significante de obras recentes que me arrebataram, que me fizeram sentir aquela inveja branca de dizer: como gostaria de ter feito esse filme... Me pergunto se meu olhar não estará viciado e envelhecido ao ponto de não conseguir mais enxergar. Talvez esteja, mas posso lhes garantir que, sentados nas plateias de São Paulo, São Pedro, São Lucas ou São Luís, estamos vendo as mesmas coisas, boas e ruins. Espectador privilegiado do FENTEPP que fui, encerro agradecendo a oportunidade de VER.

4 comentários:

Anônimo disse...

Meu caro amigo, como diria Itamar Assumpção, "não há saída, só ruas e avenidas". Aqui nas paragens cariocas a sensação é a mesma. Depois de quase quatro anos, infelizmente, não cabe, na palma da mão, citar os espetáculos que valeram ser assistidos. Arrebatados, uns dois no máximo. Confesso que já estou um tanto exausto, ranzinza em grande parte e insuportável na maioria das vezes. Na verdade, estou exausto de tantos "mirabolismos" teatrais com tão pouco a ser dito. Diante disso, me dou por vencido: não sinto nem o prazer de ter a oportunidade de VER.
Gilberto Freire

XICO CRUZ disse...

Tenho medo de envelhecer, de morrer, mas também não quero ser alienado. Quero apenas gosar e dizer, foi bom, estou feliz, aff que ironia mal elaborada.

beijos amigo.

André Lucap disse...

vai ver é a hora de fazer um filme. pequeno, que seja.

Cláudio Marconcine disse...

faça um filho. é pior.