domingo, 22 de agosto de 2010

A espera


Podemos, Nicodemos?! Nove meses. Eternidade. Ponteiros. Estações. Ferrovias. Aeroportos. Campaínhas. Público. Aplausos. Morte. Tudo está por vir. O instante é tão teatral, tão efêmero, tão areia por entre os dedos, que insistimos em esperar que esse momento chegue. Momentos de prazer são assim, planejados com ansiedade. Uma semana para seu instante, aquele para o qual você se preparou. Sinto-me anestesiado em algumas circunstâncias. Ontem, depois do espetáculo, sentamo-nos para o debate. Muita gente para ouvir, poucas para falar. Entre nós, Marcelo F. foi o interlocutor. Jorge C. é meio avesso aos debates que se perdem de vista. Quanto a mim, anestesiado. Ficava tentando fitar os olhos das pessoas sem, contudo, conseguir. Minha vista tornou-se mais curta. Gente desconhecida, e eu me perguntava se aquele, também, não poderia ser um outro momento de prazer. Não o debate em si, mas o instante de ver gente desconhecida que foi lá para prestigiar o SEU momento de prazer planejado. Sempre gosto de imaginar, e por vezes dizer, que algumas pessoas são especiais porque passam em nossas vidas e deixam marcas que reformularão nosso pensamento. Ontem, senti-me um pouco assim, na outra margem. A anestesia diminui a dor de sentir o que se sente. 

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