domingo, 30 de maio de 2010

Nepotismo

Estamos comemorando a chegada do 30º seguidor. Tendo em conta que seguir um blog implica – diferentemente de orkut’s, facebook’s e afins – um mínimo de disposição para a leitura, conseguir seguidores deve ser comemorado como gol em copa do mundo. Admito que entre os seguidores estejamos nós mesmos, nossos primos, tios, esposas, avós, irmãos, filhos, periquitos, papagaios, mas já é alguma coisa. Seus primos aguentam você? Os nossos seguem a gente. Seus filhos não lhe ouvem? Os nossos fingem que nos lêem. Seus irmãos não lhe suportam? Nossos irmãos são fiéis seguidores... Brincadeira à parte, com quem a pequena companhia de teatro quer se comunicar? Fico me perguntando se o que fazemos – teatro – não continua sendo passatempo para a burguesia. Não seremos os bobos da corte modernos? Por mais pseudo-cult-intelectualóide-cool-cabeça nossas entranhas não estarão corroídas por pós-ditaduras, quedas comunistas, diretrizes financeiras e o vazio de quem não tem o que dizer? Qual é mesmo a importância disso tudo? Qual é o poder do teatro em um mundo globalizado? Fazemos para nós e que o resto se dane? Fazemos para os que se danam e o resto somos nós? Imagino um Brasil de leitores. Belos leitores. Roubo o conceito do meu amigo Gilberto e sonho com leitores de livros, leitores de peças, leitores de filme, leitores de mundo. Será que o nosso pequenininho fazer não está pelo menos auxiliando na formação desses leitores? Acredito. Acho que é com eles que tentamos nos comunicar. Pessoas que buscam algo mais, independentemente do nível de formação, gosto estético ou sonho destruído. Mesmo tendo um diretor hermético, um ator que não gosta de se apresentar e outro ator que não gosta de visibilidade, a pequena companhia de teatro continua firme no seu compromisso de mudar o mundo (risos) ou, pelo menos, tentar se comunicar com ele.

4 comentários:

Cláudio Marconcine disse...

sonho que inexistam leitores, mas somente, e tão somente, fazedores. gente que faz teatro, que escreve livros, que faz filmes, pinta quadros, esculpe argila, entalhe madeira. gente que faz, que deixa de observar para colocar a mão na massa. é assim que ela é feita. convenceram-nos que o sabor maior é observar, assistir, ler, prestigiar. uma mentira sem igual. pessoas fazem o que gostam de fazer. estamos em um mundo de cegos e surdos. não há para quem dizer a não ser nós mesmos. não temos capacidade de nos mudar, nos fazer mais humanos, mais coerentes. somos a personificação daquilo que sempre negamos. a felicidade se reside no intante que fazemos. depois dele, não há mais nada. sem o vazio se faz presente. é que ele não se contradiz. acho que temos muito o que conversar - ainda e sempre.

Wagner Heineck disse...

É sempre um enorme prazer ter notícias do que os nossos amigos estão fazendo artísticamente. E este blog vem aproximar mais, os amigos da Pequena Cia de Teatro de todos os que os admiram...
Merda a todos!
Bjos
ps: visitem meu blog tbém http://www.bacanaldasartes.blogspot.com

XICO CRUZ disse...

Fico me perguntando se o que fazemos – teatro – não continua sendo passatempo para a burguesia. Não seremos os bobos da corte modernos?

É meu amigo, agora você me deixou intrigado, estou me fazendo as mesmas perguntas, mas vou te contar uma coisa, que não é segredo, faço teatro com mais de 40 meninos\meninas em vivem a baixo da linha da pobreza e sei que isso é o teatro mais humano e verdadeiro que eu poderia fazer.

Iuri Petrus disse...

Confesso que apesar de eu estar depois do 30º seguidor este post poderia ser intitulado também de despotismo, porque li um post no hotelsubterraneo@blogspot.com em que o autor afirmava, apesar de ainda acreditar ser gozação, que só receberiam ingressos em Imperosa os seguidores daqui...mas se não foi coação ao menos cutucão...vai lá, menino!...E o que vi por aqui já tá valendo...Espero ver mais no Ferreirinha.
Até!